22/02/2017
O que compõe a vitória?
ARTIGO | Há vários tipos de campeões no futebol. O campeão que já era favorito, o campeão que surge como zebra para o grande público e críticos, o campeão que joga “bonito”, o que joga “feio” – sempre deixando entre aspas o bonito e o feio já que isso é muito relativo. Mas na maioria das equipes vencedoras, enxergo algo muito intangível, de difícil mensuração, mas que é a mãe de todas as outras virtudes que compõe o sucesso: uma tal de mentalidade vencedora.
Dá para perceber isso em um clube em todos os aspectos que o compõe: desde o presidente até o roupeiro. Um presidente que atrasa salário não faz sua parte na construção de um ‘mindset’ vitorioso. Um roupeiro que faz fofoca no elenco, idem.
Os grandes analistas de desempenho, que atuam no mercado de prospecção de jogadores, já consideram muitas dessas variáveis intangíveis na hora de avalizar ou não uma contratação. Jogador com muito rebaixamento no currículo pode ter uma excelente qualidade técnica, mas carrega uma atmosfera negativa consigo que pode ser decisiva quando um time vive um momento difícil. “Acostumado” a situações de derrotas, esse jogador pode se conformar e se abater com uma crise. Por outro lado, existem jogadores que tem a palavra campeão tatuada na testa. São atletas que por onde passaram foram campeões. São acostumados com grandes vitórias, com voltas por cima e é bom formar um grupo com esse perfil. Como exemplo, cito Edu Dracena. Não o coloco como um zagueiro fora de série. Mas por onde passou, ergueu troféus. É o tipo do jogador que é muito bom ter no elenco.
Esse é apenas um olhar que comprova que para formar um time campeão não é necessário ter os melhores e mais caros jogadores. Um atleta de alta qualidade, mas que está sempre machucado compensa? Ou um jogador fora de série, mas que é ruim de grupo, que atrapalha o ambiente, tem mais chances de te levar ao sucesso ou ao fracasso? Um ambiente político conturbado, cheio de vaidades, onde quem não está no poder pensa apenas em derrubar quem está, é saudável ou um risco?
Proponho com esse texto um olhar mais subjetivo para as vitórias e para as derrotas. Eu, mais do que ninguém, tenho me voltado com cada vez mais afinco para as mudanças táticas, técnicas e físicas que estão acontecendo no futebol. Mas não podemos descartar a quarta vertente: a emocional. E não só dos jogadores. Mas de todos os agentes de dentro de um clube. Inclusive, os torcedores. Os que lotam estádio, incentivam do começo ao fim, ajudam muito a compor essa atmosfera que exala o cheio das conquistas. Cada vez mais, o que acontece fora, reflete e é decisivo para o que rola dentro do campo.