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O problema do futebol brasileiro é não ter ideias de jogo

Marcel Capretz, colunista esportivo

O futebol bem jogado aproxima uma equipe da vitória. E jogar bem o jogo em nada tem a ver com ter mais posse de bola do que o adversário, como muitos pensam. É possível marcar em bloco baixo, fechando os espaços do outro time, marcar gols em jogadas de transição e com isso jogar bem e vencer. Tudo isso com trinta por cento de posse, por exemplo.

A discussão que se tem no Brasil hoje é que a qualidade do nosso jogo é ruim porque as equipes são reativas. Discordo enormemente. Nosso jogo é ruim porque não temos ideias. Isso porque para se fazer com excelência o que coloquei no parágrafo inicial é preciso muito treino: técnico, tático, físico e mental para fazer os jogadores comprarem esse plano de jogo e executá-lo com perfeição.

O que vejo muitas vezes no Brasil (há exceções, claro!) são equipes e treinadores aleatórios. Ou seja, não há intencionalidade no jeito de jogar e o caos do jogo e a auto-organização natural da equipe ditará o que vai ser feito em campo. E sem um trabalho de qualidade por trás, evidentemente o jogo mais simples encontrado é dar a bola para o adversário, ficar esperando e tentar por algum acaso e se der, chegar lá na frente.

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Vejo beleza e trabalho para operacionalizar uma marcação compacta, com coberturas, flutuações, equilíbrios e outros princípios defensivos. Executar bem isso não é simples. Também na transição é necessário ter ideias: basicamente quando você retoma a bola há duas opções: tirar da zona de pressão ou progredir rapidamente ao gol adversário. Como executar bem qualquer uma dessas possibilidades? Com qualidade no treino, com jogadores bem condicionados física, mas principalmente, mentalmente para tomar a melhor decisão.Em suma, é preciso bom trabalho.

O que quero aqui é refutar a ideia de que para jogar bem é necessário ter mais posse que o adversário e criar pelo menos vinte chances de gol. O jogar bem é muito mais complexo que isso. Evidentemente que se você tem jogadores capazes e um ambiente propício para propor um futebol de apoios, triangulações, ultrapassagens e troca de posições, ótimo! Porém sendo ‘proativo’ ou ‘reativo’ a questão é saber o que se quer e como fazer. Ao deixar ao acaso, reclamando que não dá tempo para treinar, que no Brasil as viagens são longas, que o calendário é ruim e outras milhões de desculpas, continuaremos a ter jogos pobres, chatos e desinteressantes.

ARTIGO escrito por Marcel Capretz
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Jornal O Semanário

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