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O Presépio – parte I

O centro da fé cristã é o mistério da Paixão, morte e Ressurreição de Cristo. Nele, se cumpriram as promessas de Deus, sendo ele a causa de Salvação para toda a humanidade. Após a Ressurreição, Jesus enviou seus discípulos ao mundo, com a missão de anunciar a Boa Nova, fazendo novos discípulos pelo batismo.

À medida em que o Evangelho foi se espalhando, pela tradição oral e pela pregação, também foi surgindo a necessidade de textos escritos para manter a fidelidade da Palavra do Senhor. Isso deu origem aos Evangelhos como temos hoje.

Ao mesmo tempo, a constituição das comunidades cristãs também deu origem a uma grande quantidade de diferentes tradições e celebrações. Muitas se perderam ou foram abandonadas, enquanto outras foram se fixando e se espalhando. Dessa forma, sobretudo nos primeiros séculos, surgiu o calendário das celebrações da Igreja.

Dom Devair. Foto: Divulgação

As celebrações natalinas, ou a celebração do nascimento do Senhor, estão entre essas que remontam aos primeiros séculos da fé cristã. Pinturas antigas nas catacumbas e ícones das Igrejas orientais atestam essa antiguidade e importância da celebração do nascimento de Jesus.

O esquema mais original dessas representações conserva os elementos mais importantes até os nossos dias, que são: o Menino Jesus, Maria, José, a Estrela, os pastores e os magos.

A composição mais antiga da cena do nascimento do Senhor parece remontar a uma pintura numa igreja construída por Constantino, em Belém. Entre os séculos IV e V, os peregrinos que voltavam da Terra Santa traziam objetos, como pequenas ânforas, onde se encontravam representações do nascimento de Jesus .

A intenção dessas representações era comunicar a beleza e a simplicidade do mistério de fé, do Deus que se fez homem.

Também pela pregação o nascimento de Jesus foi ensinado desde os primeiros séculos. No sermão 189, Santo Agostinho diz: “Ficas muito admirado quando dizemos que nasceu de uma Virgem. Não te admires é Deus: a admiração dê lugar ao louvor. Torne-se presente a fé: acredita, porque aconteceu. Se não acreditares naquilo que aconteceu, permaneces infiel.

Dignou-Se fazer-Se homem: que mais queres?… Estreito era o estábulo: envolvido em panos, foi colocado numa manjedoura. Escutaste-O quando se leu o Evangelho.

Quem haverá que não se admire? Aquele que enche o mundo só encontrou lugar num estábulo; colocado na manjedoura, tornou-Se alimento para nós… Olha para o presépio e não te envergonhes de ser o jumento do Senhor.”

A iconografia e a pregação já falavam do presépio desde os primeiros séculos, mas foi no século XIII, que aconteceu a primeira representação montada.

Presépio é uma palavra latina, praesepium, que significa manjedoura, lugar onde se alimentam os animais. No próximo artigo, veremos mais sobre a origem da tradição da montagem litúrgico-dramática do nascimento do Senhor e sua expansão pelo mundo.

Cf. PASSARELLI, Gaetano. O ícone da Natividade do Senhor. Ed. Ave Maria, SP, 1996. p. 14.
ANTOLOGIA LITURGICA. Textos litúrgicos, patrísticos e canónicos do primeiro milênio. Secretariado Nacional de Liturgia, Fátima (Portugal), 2003. p. 886 (3742).

Dom Devair Araújo da Fonseca
Bispo de Piracicaba

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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