Você leitor já ouviu falar a respeito do partido político: PRi? São tantos partidos políticos! O Tribunal Superior Eleitoral atendeu ao pedido dos senhores do legislativo e elevaram a cota de auxílio a cada partido para as eleições de prefeitos e vereadores. Assim o governo teve de desembolsar 2,035 bilhões de reais. Quanto mais partidos mais dinheiro para os políticos e menos para o povo!
Mas, que partido é esse PRi? Em 1959, concorriam à eleição 450 candidatos. Em protesto ao baixo nível desses concorrentes o jornalista Itaboraí Martins lançou a candidatura de uma rinoceronte famosa em S. Paulo chamada “Cacareco”. Cacareco obteve muito sucesso, 100 mil votos, mais do que muitos elegíveis.
O fato foi tão divulgado que chegou até ao presidente Juscelino Kubitschek, que disse: “Eu não sou intérprete de acontecimentos sociais e políticos. Aguardo as interpretações do próprio povo”. O protesto se tornou tão altissonante que no Brasil era uma referência aos votos nulos e de protestos.
A rinoceronte tornou-se conhecido internacionalmente. Escreveu um articulista de “O Mundo Estranho”: Em 1963 foi fundado no Canadá um partido político ‘descendente espiritual’ de Cacareco. O partido era ‘The Rhinoceros Party’ em francês Parti Rhinocéros e existiu até 1993”. Daí, eu colocar em pauta o PRi (Partido do Rinoceronte) – vou requerer verba para auxiliar os candidatos deste partido. Conto com seu apoio. Será um protesto a muitos concorrentes cacarecos existentes por aí.
Cacareco tem alguns substitutos. O jornal humorístico “Casseta Popular”, de onde surgiram personagens do “Casseta & Planeta” sugeriu o Chimpanzé Tião como prefeito do Rio de Janeiro, e foi bem votado! O humorista Tiririca com a frase “Pior do que tá não fica” foi o mais votado com mais de 1 milhão de votos em 2014, em 2018 teve 445 mil; nunca apresentou um projeto ou lei, a não ser enganar os eleitores; e é novamente candidato a deputado federal.
Notem os nomes de alguns concorrentes, uns jocosos, outros chocantes e outros ainda imorais:
Greti Cover (SP); João Pescocinho (DF); Homem de Ferro (MG); Homem Aranha (AP); Maria do Bairro (RJ); Capitã Cloroquina (RJ); Donald Trump Bolsonaro (SC); Capitão Bolsonaro (BA); Zé Rolão (BA); Eddie Murphy (AP); Chatinho (MG); Roberto Boi (RJ); Adelmo Papai Smurf (DF); Advogado de Deus (RJ); Capeta (PB): Bonitão (RJ); Tira o Olho; Gato Louco Tira Ratos da Câmara (Não descobri o local) Outros são imorais (perdoem-me os leitores, mas o STE permitiu): Candidato Cagado; Pica; Candidato que dá; Kid Bengala, Pau para toda obra. Há muitos cacarecos que se candidatam a vereadores, prefeitos, deputados estaduais federais.
Eleição é o processo pelo qual se selecionam os melhores e não os piores, os mais capacitados e não os incompetentes, os honestos e não os imorais, os empreendedores, não os inertes, os altruístas e não os egoístas, os ativos, não os passivos.
O eleitor precisa ser racional, pois estará escolhendo o administrador dos seus bens, de sua saúde, de sua vida, por tão longo e irrecuperável período. Não vote em Cacareco para não fazer de sua vida um caco.
Todo eleitor que troca seu voto por um metro de areia, por camisas de futebol, ou, outro favor qualquer, não está vendendo seu voto, mas a si mesmo. O candidato que dá algo, ou faz algum favor em troca do voto, está comprando o eleitor, o que é ilegal e resulta em penalidade.
Aquele que se vende não vale o preço que recebeu e o que compra torna-se escravo da ralé que o elegeu, a escória da sociedade. Devemos ser movidos individualmente de acordo com a consciência, avaliando as competências, não por uma conveniência política, ou por tribalismo partidário.
O eleitor precisa se auto valorizar, analisar as propostas e o caráter do proponente e cobrar do elegido o cumprimento das promessas. Sua integridade e seus princípios estão à venda, ou leiloados entre os pretendentes?
Qual será o exemplo e o legado que pretende deixar para seus filhos e aos concidadãos? Qual tipo de administração você está escolhendo para a sua vida, para sua família e para o seu município? Somos todos responsáveis.
“O povo tem o governo que merece”, disse alguém.
ARTIGO escrito por Leondenis Vendramim, professor de Filosofia, Ética e História. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal. São de inteira responsabilidade de seus autores.