Marcel Capretz

O peso do grupo no futebol

É interessante observar equipes jogando melhor, com mais desempenho, vencendo jogos e ao mesmo tempo apresentando um decréscimo nos índices físicos mais, digamos, tradicionais.

Ou então, um time que treinou a semana toda ser esmagado no segundo tempo por outro que teve uma viagem desgastante e um jogo decisivo nesse mesmo intervalo de tempo – o senso comum diz que o time que só treinou deveria estar mais “inteiro”.

Poderia colocar tantos outros exemplos, porém aqui me valem mais as ideias e conceitos do que propriamente casos específicos.

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O jogo de futebol não pode ser fragmentado. Não existe um time melhor fisicamente que o outro. Não há um ‘nó tático’ de um treinador em outro.

Os melhores jogadores tecnicamente podem juntos não gerar uma equipe melhor. Assim como estar mentalmente mais preparado pode não representar mais vitórias.

Porém ao combinarmos esses elementos encontramos a beleza da complexidade, muitas vezes imperceptível aos olhos da maioria, que carrega um jogo de oposição e invasão, como o futebol.

A equipe que joga melhor mesmo com seus jogadores levantando menos peso na academia demonstra estar tão bem taticamente e tão confiante nos movimentos a serem executados que o referencial físico passa a ser outro.

Ou o jogador que não tem o gesto técnico tão apurado, mas uma destreza que é física, porém também mental, de personalidade, de atitude proativa e positiva para resolver problemas, que acaba sendo mais útil do que outros tecnicamente mais qualificados.

Ou quantos times em que declaradamente o ambiente de trabalho não era bom, com rusgas fora de campo, mas que nas quatro linhas a sinergia técnica e tática acoplada a uma boa combinação física era tão grande, que as vitórias vinham naturalmente…

Quando digo aos quatro ventos que ‘o todo é maior que a soma das partes’, que o futebol é um jogo complexo, que a preparação deve ser transdisciplinar, é por essas e outras…não cabe mais analisarmos ‘compartimentos’.

Um time campeão não se faz com os melhores jogadores. Mas sim com a melhor combinação possível entre todos os seus elementos.

Marcel Capretz

Marcel Capretz é radialista e jornalista formado pela Universidade Mackenzie e pós-graduado pela Fundação Cásper Líbero. [email protected] www.marcelcapretz.com

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