É inegável ser de conhecimento da maioria, que os primeiros povoadores de nossa cidade foram imigrantes italianos, que a partir de 1875 foram chegando em grande número na “Villa do Henrique Raffard”, embalados nos sonhos do seu fundador, que através de sua tenacidade e espírito empreendedor, deu vida e esperança a esta terra abençoada.
Ao aportarem por aqui, esses imigrantes italianos, homens e mulheres, longe de sua pátria, foram tão bem acolhidos juntos com seus filhos nessa nova terra, que logo que chegaram puseram-se a trabalhar, fazendo deste pequenino chão, o seu novo lar. A chaminé e sua fumaça não só eram sinais de trabalho, mas de dias melhores, e de que nesta terra suas famílias poderiam subsistir e prosperar.
As grandes moendas do engenho eram movidas graças aos braços fortes que alimentavam as caldeiras colocando-lhes a lenha, enquanto outros igualmente fortes, lavravam o campo, cultivavam as lavouras e semeavam o sonho de uma cidade que um dia viria a se tornar realidade…
A Vila do Raffard, formada de pequeno aglomerado de modestas residências no pequeno vilarejo, servia aos seus moradores dalém da Estação da Estrada de Ferro, notadamente as casas da chamada Estrada Tietê, onde entre outras, morava uma das primeiras famílias de italianos, a chegarem por aqui, a família dos Bôscolo.
No ano de 1900, precisamente em 22 de dezembro, num dia de sol radiante, estava marcado o casamento de um dos filhos de Guerino Bôscolo e Dona Margarida pellegrini, que felizes com o casamento do filho Domingos com Santa Ferrari, ambos na época com 18 anos, logo cedo se levantaram para os iniciar os preparativos da festa.
Na casa de número 18 da rua Tietê, a movimentação começou logo de madrugada, onde as mulheres preparavam a comida e os homens, o “paliçado” uma cobertura para abrigar imensa quantidade de convidados, construída no terreiro, no quintal da casa, onde o chão foi nivelado, socado e limpo para dar lugar à festa, que iniciaria após a cerimônia.
No entanto um pé de paineira, estava bem no local onde seria realizada a festa, e teria que ser removido para ampliar o local onde seria o realizado o baile. Depois de muito esforço, a paineira ainda pequena, foi removida, não sem antes, preparar um local adequado para ser replantada.
E assim foi feito, replantada a paineira em outro local, não foi esquecida, antes recebeu especial atenção da família Bôscolo, e até mesmo dos trabalhadores que no final de mais um dia de labuta, iam no seu pé, esvaziar seus “corotes”. A abundância de água a fez reverdecer e ganhar força e crescer tanto, que podia ser vista e admirada de muito longe.
Por muitos anos, essa paineira, com sua fronde majestosa, se tornou um símbolo da Vila Raffard, e foi também naquela época, ponto de referência para localização da casa de Dona Margarida, quando precisavam de seus serviços de assistência aos trabalhos de parto, tanto, que o local passou a ser conhecido como “Longanha da Parteira”
Como sabemos, essa árvore outrora tão admirada e bem cuidada, símbolo de nossa terra, que representou muito para os moradores de Vila Raffard, acabou sucumbindo aos maus tratos, resultantes dos fogos constantes, das queimadas dos canaviais que a circundavam. Uma Pena!