Marcel Capretz

O paradigma do ‘eu’ no futebol brasileiro

12/01/2018

O paradigma do ‘eu’ no futebol brasileiro

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Nossa cultura futebolística sempre valorizou o individual. Quando você, na infância, jogava sua pelada quem era o cara? Quem driblava ou quem dava assistência? Pois é…drible envolve a grosso modo uma ação individual ao passo que uma assistência é algo coletivo, trazendo minimamente quem passa a bola e quem a recebe.

Bem, você já está cansado de ouvir que o futebol mudou nos últimos quinze anos. É claro que características individuais continuam sendo importantes, diferenciais e uma marca dos nossos jogadores pelo mundo. A pedagogia da rua vai nos acompanhar para sempre. Mas só isso já não está sendo suficiente para atuar em excelência nos centros de mais alta performance futebolística do mundo.

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Um drible, para continuar no mesmo exemplo, envolve as quatro esferas básicas do jogo:

1 – o gesto técnico,

2 – a tática de saber se esse drible será para frente, para o lado ou para trás,

3 -o físico, a valência motora para realizar a ação e

4 – o emocional, envolvendo a confiança para tal gesto.

Porém a questão é que com o estudo prevalecendo sobre o empirismo existem mil maneiras coletivas de combater o gesto individual.

Um bom treinador, minimamente antenado com o que há de mais contemporâneo, sabe que uma de suas principais funções é criar mecanismos para o individual prevalecer apostando no jogo coletivo e não apenas depender do craque para resolver o jogo. Padrões ofensivos como apoio, amplitude, penetração e ultrapassagem são todos feitos em equipe.

Por outro lado, há princípios defensivos, também coletivos, para neutralizar essas ações: cobertura, compactação, retardamento, etc. Repare que não falamos de marcação individual. O 1 contra 1 não é mais o principal recurso. Volto para a pelada de nossa infância lembrando de quem seria o garoto grandão que jogaria na defesa e bloquearia o garoto bom de bola driblador?! Hoje a marcação zonal prevalece sobre a individual. No máximo, podemos ver a marcação individual por setor. Ou seja a responsabilidade de marcar um grande jogador é da equipe e não apenas de um único atleta.

Quero trazer aqui o olhar para o coletivo, para ideias de jogo, conceitos que não visam o individual para resolver e sim auxiliar o individual para que esse auxilie a equipe.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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