O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem vida longa. A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive. O bom humor nos salva das mãos do doutor. Alegria é saúde e terapia. (1)
Confesso que tenho gostado muito das reportagens que o jornal O Semanário tem trazido em suas edições, com entrevistas em datas comemorativas e também com personalidades de nossa comunidade.
Tenho a inveja no bom sentido (se isso é possível) das pessoas que têm capacidade de memorizar. Convivi com duas, o Ailton Giovanetti Júnior, economista e ex-colega do Banespa, que sabia de cor a placa de carro dos funcionários e amigos, e minha esposa, Izabel, que trabalhou menos de uma década na Caixa Estadual, porque vieram os filhos e ela fez opção pelo cuidado e educação das crianças, mas que tinha uma facilidade imensa de guardar os números das contas dos correntistas da Caixa.
Na Revista Veja, o colunista de ciência Nelson Jobim, de Londres, escreveu o artigo “Um dom de gênio”. Conta a história de um compositor carioca: “Muito antes de ficar famoso pelas Bachianas Brasileiras e outras obras-primas da música erudita, Heitor Villa-Lobos já era um menino prodígio, violoncelista profissional aos 12 anos de idade. Mas seria impossível dizer quanto desse talento precoce já tinha nascido com ele. Desde cedo, o genial compositor foi educado pelo pai, músico amador dos mais apaixonados – e professor ultra rigoroso. Parte de seu método consistia em obrigar o filho a identificar quais notas musicais eram emitidas em qualquer som ambiente, do pio de um passarinho ao freio de um trem. E, toda vez que errava – crock! –, o pobre Heitor entrava no cascudo.”
E conclui Nelson Jobim na revista: “Agora a Ciência está descobrindo, tal como no caso do maestro brasileiro, que o ouvido absoluto não é um dom divino, mas algo que pode ser adquirido por meio de treinamento, desde que feito na infância. Até há pouco, acreditava-se que ele era um privilégio inato e raríssimo, prerrogativa de uma em cada 10.000 pessoas. Essa visão começa a ser derrubada”. (2)
Voltando à nossa história do conterrâneo capivariano, Valdir Costa, que há 25 anos trabalha como motoboy, no serviço de entrega de medicamentos para farmácias de Capivari: parabéns por guardar números de telefones de clientes e também outros prodígios de memória, como números de boletos e mais de hum mil nomes de ruas da cidade.
Dizer que é dom do Valdir como se fosse um “bem espiritual que é oferecido por Deus; bênção, graça” é desprestigiar o esforço e sua evolução nesse campo de atividade, tanto é que ele está estudando Matemática Avançada pela Internet. Deus que é Pai oferece os mesmos recursos e oportunidades para cada um – é necessário desenvolvê-las, e nosso motoboy tem se aprimorado.