Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz. Platão
Hoje, perto dos 70 anos e completando 46 anos de casado com a Izabel, estive pensando no medo em suas diferentes formas de nos alcançar: pela nossa ignorância, pela nossa timidez, pelo nosso futuro, pela insegurança que alguns órgãos de comunicação produzem divulgando doenças, e cheguei a uma conclusão.
O meu maior medo é de não vencer meus instintos. Essa força construtora, quando com diques, é contida e serve muito bem para alavancar nosso progresso físico, material, financeiro, moral e espiritual.
A relação de alguns dos medos mais comuns da humanidade é bem conhecida, como o medo da morte ou da fome, o medo de altura ou do escuro, de insetos, cobras ou aranhas e até de lagartixa. Tenho uma sobrinha que tem pavor desse bichinho, e uma neta que caça os pequenos para brincar com eles na mão e até em caixinhas.
E outros são pouco comentados, como o receio de falar com outras pessoas ou de falar em público, chamado de fobia social, envolvendo diversas situações em que as pessoas têm receio de interagir com outros. Segundo um pesquisador do comportamento humano, esse é o temor que mais nos aflige, superando o medo da morte e de lugares fechados. Interessante que, apesar de ser um medo muito comum – atinge cerca de 12% da população mundial –, é pouco tratado e muito menos superado.
Buscar ajuda com especialistas é muito importante, porque a experiência tem demonstrado que a educação pelo medo deforma a alma. A religião tradicionalista se alimenta do medo, da insegurança, da incerteza. Para onde vamos? Como será o julgamento futuro? Já a espiritualidade busca a elevação e nos oferece a paz da consciência tranquila, e também nos propõe raciocinar sobre tudo e questionar.
Diz o Chico Xavier: “Eu penso com aquela assertiva do nosso André Luiz, que é um mentor que nós respeitamos: se cada um de nós consertar de dentro o que já está desajustado, tudo por fora estará certo”.
A espiritualista americana Sally Kempton fala sobre nossos temores e se eles estão intrincados dentro de nosso íntimo: “Seu pior inimigo. É duro lutar contra um inimigo quando ele tem uma base militar instalada na sua cabeça”.
A questão é que para nos livrarmos desses pavores da vida real ou emocional é necessário entender e nos conhecer melhor. Por que temos medo? Ele na verdade cumpre uma função instintiva de manter o ser humano vivo. Se não tivéssemos esse sentimento, sem medo de morrer ou de se machucar, viveríamos de desastres. O mesmo vale para mágoas relacionadas a sentimentos. É um instinto de proteção, porque a vida é maravilhosa se não temos medo dela.
“Algum dia, todos nós iremos morrer, Snoopy!”, diz o menino Charlie Brown. E responde o cão Snoopy: “Mas em todos os outros dias, não”. (1)
Alguns temem a morte… Tolice; todos vamos desencarnar um dia. Pensando assim, é inútil ter medo da morte.