Costumo sempre ter um olhar coletivo para o jogo de futebol. Em um esporte de onze contra onze me parece mais fiel a realidade analisar o todo do que as partes. Mas pela cultura de heróis e vilões estabelecida na indústria futebolística desde sua origem temos a tendência natural de individualizar o jogo. Por isso cabe falarmos sobre o que é um ‘jogador inteligente’. Até porque quanto mais jogadores inteligentes uma equipe tem mais ela se torna igualmente inteligente.
De cara já coloco que o jogador mais habilidoso nem sempre é o jogador mais inteligente. A habilidade por si só não decide jogos. Agora tente aliar uma técnica apurada com boas decisões: por exemplo, dribles predominantemente pra frente, passes e lançamentos certeiros rompendo linhas de marcação, cadência na condução e agressividade no ataque ao espaço sempre com uma leitura correta e rápida do ambiente para tirar vantagem das circunstâncias.
Vou repetir os termos que significam para mim a definição mais clara de um jogador inteligente: boas decisões, leitura correta e rápida do ambiente e tirar vantagem das circunstâncias. Para escancarar tudo isso, outro exemplo: um campeão de embaixadinhas pode ter o gesto técnico perfeito de domínio de bola e mesmo assim ser um jogador sem inteligência.
Cabe aos treinadores criarem treinos sistêmicos e complexos que fortaleçam o entendimento de jogo dos atletas e as boas tomadas de decisões sempre em um ambiente de altíssima pressão e curto espaço. O bom e inteligente jogador não é aquele que faz malabarismos com a bola. E sim aquele que contribui para a sua equipe ter o menor gasto de energia possível para cumprir a lógica do jogo e ganhar dos adversários.
ARTIGO escrito por Marcel Capretz
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