Arnaldo Divo Rodrigues de CamargoColunistas

O exemplo de tudo

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA

No Evangelho de Lucas, capítulo 7, Jesus responde a uma indagação dos discípulos, com o exemplo do que ensinava e vivia, fazendo o bem, aliviando os enfermos das aflições e da dor, libertando a alma das amarras dos seus algozes, afirmando: “Ide, e anunciai a João (o Batista) o que tendes visto e ouvido: que os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres anuncia-se o evangelho” (Lucas 7:22).

Meditando sobre essa leitura, agora que já estou sexagenário, e pensando na minha transitória existência (sim, porque estou de passagem e vou retornar à vida espiritual, com mais bagagens morais e espirituais – espero!), e pensando no futuro deste novo mundo de regeneração que será a Terra: desejo poder voltar a um novo corpo de carne, em nova personalidade, para construir meu progresso no infinito dos tempos.

Mas, ao que interessa: estive avaliando que, quando tinha os filhos adolescentes, eu bebia socialmente. Fiquei abstêmio por um tempo, depois voltei a beber socialmente, e orientava os filhos adolescentes que bebessem com moderação. Quando fizessem uso de álcool, que se alimentassem, entre um copo e outro, ou bebessem um pouco de água ou refresco entre um copo e outro… Mas não funcionou. Por diversas vezes apareceram embriagados em casa.

Publicidade

Num dia de “porre” de um de meus filhos, tomei a liberdade (equivocada), no outro dia, de ir à casa do pai de um de seus colegas conversar sobre a situação de nossos filhos. O pai se irritou e me despachou com umas palavras tortas.

Voltei para casa cismado. Que fazer? Não temos controle sobre a vida alheia, nem mesmo do filho quando se emancipa. (Mas podemos ter controle sobre nossa casa.)

Passaram-se os anos, e o que eu esperava não acontecer com outros filhos (tenho seis) aconteceu. Quando outro filho voltou para casa estava embriagado, recaí no equívoco de ir à casa de um de seus amigos (meu filho não contara onde tinha bebido).

Fui até a casa e o rapaz, junto com o pai, me disse: “Não fui eu que levei o seu filho pra beber. Ele pegou um litro de bebida que o senhor tinha em casa, escondido no guarda-roupas”.

Aprendi a lição citada acima, em Lucas: não basta falar, é necessário vivenciar aquilo que se prega, com honestidade. Não apenas dizendo, mas (neste caso) não usando álcool.

ARTIGO escrito por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal. São de inteira responsabilidade de seus autores.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo