Desejo sempre o maior sucesso possível a todas as pessoas. Ninguém veio a esse mundo sem o propósito de realizar coisas boas. Mas nesse espaço cabe a mim analisar situações, fazer projeções e cruzar circunstâncias. Por isso coloco como um grande erro a ida de Rogério Ceni para o Cruzeiro.
Erro dele em sair do Fortaleza nesse momento. E erro da equipe mineira em contratar um técnico com o perfil dele nesta altura do ano.
Não tenho a menor dúvida que Ceni será muito em breve um dos maiores e melhores técnicos do Brasil. Há uma clara intenção no jogo das equipes dele. O seu Fortaleza não teve o sucesso que teve por acaso.
Com uma posse de bola envolvente, mas também direta e vertical era fácil acharmos padrões ofensivos bem ajustados na equipe.
Sem a bola também uma inteligência coletiva acima da media para interpretar os estímulos do jogo e tirar proveito do momento para usar uma marcação alta e agressiva ou então baixar as linhas e buscar fechar mais os espaços. Tudo isso é treino. Entendimento de jogo. E, claro, tem o dedo do treinador.
Rogério Ceni amadureceu como técnico. Ficou evidente no seu início no São Paulo que havia uma dificuldade nas ideias de jogo e de como implementa-las. Nem o enorme capital simbólico dele no clube foi capaz de fazer as coisas caminharem por mais tempo.
E é justamente esse capital simbólico que faz o Cruzeiro, cheio de problemas administrativos e financeiros, pagar a multa e tira-lo do Fortaleza. Mais do que acreditar no que as equipes de Ceni fazem com e sem a bola a diretoria cruzeirense aposta na representatividade de Rogério no mundo do futebol para tentar criar um fato novo junto aos atletas.
Não vou tirar o fator emocional do contexto. Era óbvio que o desgaste de Mano Manezes era irreversível. Porém não consigo achar interessante na metade final da temporada uma equipe do tamanho do Cruzeiro romper completamente com um modelo de pensar futebol e mudar da água pro vinho.
Pode até dar certo. Não há fórmula certa no futebol. Só que vamos seguir com nossos clubes remendando trabalhos e técnicos sem a condição de mostrar seu real valor com um trabalho completamente autoral. Culpa dos dirigentes que buscam sempre um para-raio. Mas culpa também dos técnicos pelas decisões que tomam.
ARTIGO escrito por Marcel Capretz
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