Estava eu no terreiro da fazenda com a vassoura na mão
O sol estava quente
Sempre trabalhei lá com muita satisfação
Eu não era dono e não tinha patrão
Queria conservar tudo nas poucas vezes que ia lá
Fazia tudo para ajudar, sempre gostei de trabalhar
O sol brilhava quando um cavalo branco se aproxima
Em seu lombo, um homem de roupas brancas e chapéu com dobras para cima
Chegou perto de mim, me cumprimentando, e eu tão logo respondia
Comecei a conversar, fiz perguntas
Perguntei se era desses lados, me disse que sim
Eu sempre gostei de conversar e saber coisas do passado
Ainda mais por se tratar de uma casa grande e antiga
Precisando de um certo cuidado
Me disse que conhecia tudo por aqueles lados
Cada vez mais fui ficando interessado
Esse homem não descia do cavalo
Foi aí que perguntei:
“O senhor mora perto daqui?”
Me respondeu sem rodeios:
“Nesta casa bem aí!”
Não saí do lugar. Fiquei parado. Não me mexi
Ainda disse para ele:
“Mas é minha filha que mora aqui!”
Ele respondeu:
“Sou muito grato e fico muito feliz
Ela cuida muito bem
Foi Deus que a enviou aqui
Eu tinha muitos planos
Meus amigos muitas vezes reuni
Porém, chegou o dia em que tive que me despedir
Não precisa se assustar, nada de mal vou lhe fazer
Por seus caprichos eu só tenho a agradecer
Vou lhe deixar em paz
Vejo o quanto tem a fazer”
Passou a mão na crina do lindo cavalo branco
E acenando para mim foi sumindo
Lentamente
Naquele lindo jardim