13/04/2018
O choro inacreditável do presidente do Palmeiras
ARTIGO | Para a roda do futebol começar a girar de uma maneira diferente todos os ‘players’ dessa indústria tem que dar a sua contribuição. Partindo do princípio de que todos nós ‘profissionais’ estamos aqui por que há uma paixão gigantesca de uma massa de torcedores temos que nos aprimorar para melhor servi-los. Falo dos players, me incluindo como imprensa. Junto dos treinadores, dirigentes, jogadores, torcedores, enfim, toda a dinâmica da bola. O produto futebol brasileiro é fruto de todas essas nossas relações.
Por isso, quando ouço as declarações do presidente do Palmeiras, Maurício Galiotte, após a perda do título paulista para o Corinthians sinto que estamos andando para trás. Ele simplesmente desmereceu a competição e usou de uma soberba desprezível ao falar dos ‘objetivos maiores’ de sua agremiação por conta da lambança da arbitragem. Ele tem razão unicamente para criticar o arrependimento do árbitro no lance do pênalti – nem considero que o pênalti realmente não existiu. No mais, o presidente palmeirense parecia um dirigente dos anos 80, no pior sentido da função.
Galiotte em nenhum momento citou que o Corinthians é hoje um time mais pronto do que o Palmeiras. Também não ouvi dele o reconhecimento de que as trocas de perfil de comando do ano passado fizeram com que Róger Machado começasse um trabalho do zero em janeiro. Por falar em Róger, e sua escalação equivocada no segundo jogo da final, colocando Moisés no lugar do suspenso Felipe Mello? Aliás, e a contratação de Felipe Mello, hein Galiotte?! Ele estava na eliminação do time na Libertadores do ano passado? E neste segundo jogo da final do Paulistão? Será que se Róger sacá-lo do time ele fará como fez com Cuca no ano passado, bombando nos grupos de whatsapp da vida? Contratar bem é obrigação de dirigente.
Faço esse texto em tom de desabafo trazendo o presidente do Palmeiras como exemplo, mas que serve para todos os dirigentes que ainda tentam se eximir das derrotas, terceirizando as condições e circunstâncias.
Se não ficou claro, vou repetir: a arbitragem errou na final do Paulistão. Uma vez dado o pênalti ele deveria ser cobrado. Mas o Palmeiras não perdeu por conta disso. Perdeu porque foi incompetente. Perdeu porque ainda é um time em formação. Perdeu porque seus craques – Dudu, Lucas Lima, William, Jaílson e Borja – não tiveram o mesmo controle emocional de Cássio, Rodriguinho e Balbuena. No campo mental, o Corinthians como equipe está anos luz a frente do Palmeiras. Por isso venceu. Mas é mais fácil chamar o campeonato de Paulistinha. O palmeirense deve ter adorado. Melhor falar que o título do adversário está manchado do que assumir as próprias culpas. Esse ainda é o futebol brasileiro. Infelizmente, o jogo em sua complexidade não é analisado. Dá trabalho. Melhor falar do juíz…