Para reverenciar a nossa terra natal, neste seu aniversário de fundação, nada mais justo que desfilar os mais célebres poetas que enriqueceram a sua história.
São figuras que deixaram, em suas poesias, um tanto de suavidade que transcende o tempo e que brilha em versos para um mundo melhor.
Parabéns, Capivari!
Saudades de Capivari
Amadeu Amaral
Como quem, vindo da materna aldeia,
estaca numa volta do caminho,
para esguardar uma vez o ninho
onde nasceu, e lacrimoso anseia,
Para, às vezes na via dolorosa
da vida, e lança atrás a vista ansiosa:
além, além, alveja, alegre e mansa,
a aldeia nativa da Esperança…
Padre Fabiano e Capivari
Eduardo Maluf
Padre Fabiano, quando, um dia, em manhã bela
para aqui vieste com a cruz e o rosário na mão,
pequena e juvenil era a vila de São
João de Capivari de Baixo, e tão singela!…
Consagrando-se ao Bem e da Fé sentinela,
Sacerdote – pregaste o amor e a religião.
Mestre – ensinaste a ler à infante geração.
Médico – amenizaste a dor que à alma rebela.
Político – sentiste o esplendor da vitória.
Deputado – por tua ação emancipadora.
Capivari!… – Por isso, o teu nome na História
da idade reluz em rua e escola!… E ao lado
de um altar, com o uma hóstia, em a terra que amaste,
guarda a igreja matriz ao teu corpo sagrado!…
Semana Santa
Eusébio van den Aardweg
Uma cruz
erguida
na escuridão
a violência
nas trevas…
Na cruz
um corpo
triturado
esmagado
um Deus-escravo.
A sombra da cruz
escureceu os séculos:
– os condenados às galeras…
– os deportados à Sibéria…
– o escravo no cepo…
– os campos de concentração…
– posseiros expulsos…
– índios massacrados…
– operários explorados…
– doentes em remédio…
O homem contempla a cruz:
zombando
rejeitando
fugindo
chorando
poucos adorando…
“Não tinha graça
nem beleza
para atrair nossos olhares…
verme… pisado…
o último dos homens!” – proferiu Isaias.
A violência aniquilou
a vida de Jesus.
Continua violentando…
Na forma de violação:
o desprezo!
Cristo banido da sociedade,
da política,
da escola,
do lar…
É mais cômodo
viver sem Ele…
“Meu Deus, meu Deus, porque tu me abandonaste?”.
Diálogo
Flávio Carvalho
– Escuta mundo,
não adianta você se vestir de negro,
nem se fantasiar de amarguras,
pois eu não o vejo assim.
Escuta mundo,
não adianta você tentar se fazer triste,
nem sequer se mostrar tão ruim,
eu não o quero assim.
Eu necessito de você muito lindo,
muito cheio de azuis e rosas,
pois não saberei enfrentá-lo,
se não for assim.
– Escuta filho,
eu nunca quis ser triste,
nem me fantasiar de amarguras.
Vocês me fizeram assim.
Escuta mundo,
eu não sou nada do que quero,
não me acuse de ser mau,
pois nem eu me quero assim.
Eu é que necessito de você, todo paz,
com os olhos claros e limpos,
pois não quero enfrentá-lo.
Mas… infelizmente, tem que ser assim!
Órfã
Francisco L. Gonzaga
Á tarde, quase o sol posto,
Bate-me à porta Maria,
Trazendo n´alma e no rosto
Uma expressão que afligia.
Numa cadeira de encosto
Fi-la sentar-se, sofria,
Porque tamanho desgosto?
A pobre não respondia.
Vejo que a triste criança,
Pede conforto e esperança
Na caridade que emplaca;
Que há? porque está tão triste?
Sim, meu pai já não existe
Minha mãe morreu agora.
Jehova Braz do Amaral
O porquê dos astros
Antigamente não havia estrelas
e nem a lua havia antigamente…
As noites não podiam ser tão belas…
Eram tristes e longas para a gente.
Jamais pintor algum, em suas telas
a noite em seu negror deixou patente.
Hoje, porém, em quantas aquarelas
é ela a inspiração mais atraente!
Em noite de São João, junto à caieira,
presente à tradição que se cultua,
pisando em minha alma outra fogueira.
E eram tantas as dores, que, pra vê-las,
um dos botões se transformou na lua,
brotando de um foguete mil estrelas!
Proto-Mater
João Batista Prata
(para o Prof. Cezarino A. Sega)
Brasil! Gigante, do escravo, então jugo luso
(atam-lhe inertes pés férreos grilhões), – cativo,
romper devera algemas do domínio intruso,
e, à luz do golpe ideal, o busto alçar, altivo.
Sonhava. E o ideal febril, um facho astral, profuso
clarão, guiava-lhe a rota ao rumor decisivo:
leais vultos conclamou contra o tirano abuso,
pregando à pátria gente o alto gesto expressivo.
E, nas sombras, urdiu planos viáveis, e o moço
fiéis amigo topou; mas, a traição, os dentes
rilhando, ousou rasgar da rebelião o esboço…
Malogro! Outro Iscariote… E um dia, olhos dormentes,
proto-tipo do herói, preso ao pescoço
na forca, inerte, um corpo: – o mártir Tiradentes!…
Augusto Castanho
João César Campanholi
(Á memória do saudoso Mestre-escola)
Essa Casa que o seu real nome emprestou,
sendo pobre se fez rico e mui formosa:
do Mestre lembrado a fidalguia a ativiou,
ponto em cada sala uma flor olorosa.
Ninho de luz e de amor, avaro guardou,
com santo carinho, deveras vaidosa,
o rico legado que a bondade plasmou
no peito viril de uma alma grandiosa.
Escolas não são paredes, porém laços
que se estreitam, se unem em mútua alegria,
ao dar alguém o coração aos pedaços!…
Patrono, nem a esqueceu; a guiar-lhe os passos,
carinhoso gênio, lá está todo o dia,
socorrendo-a com a força de seus braços…
Rogando
João Cesário Duarte
Sempre dúbio e cruel é o meu viver,
Nesta fase afetiva em que me vejo.
Qualquer ínfima coisa que eu a almejo,
Não consigo possuí-la sem sofrer!
Mesmo assim…fui incauto em não prever
Que um “amigo”, sagaz, tivera ensejo
De embair-me, ofertando seu bafejo
Com o fim de causar-me desprazer.
Mas eu hei de afrontar esta desdita…
Com a graça de Deus, nosso Senhor,
Que, atendendo meus rogos sei que evita
Que o inferno embusteiro, a fingidor,
Mais persigo este filho que acredita
Mo poder de Jesus – o Salvador!
Despedida
Leal Pereira
Fria aos seus sonhos, aos meus rogos fria,
fugindo à tepidez do nosso ninho,
um dia claro, num formoso dia,
ela partiu, deixando-me sozinho.
Quanta alegria a arder, quanta alegria
ardia em sua candidez de arminho!
E, percebendo a minha nostalgia,
deu-me um beijo fervente de carinho.
Ouvem-se, aqui, soluços demorados,
trocam-se, ali, abraços apertados,
no instante doloroso da partida…
Agora, a padecer como padeço,
todas as vezes em que me despeço
me recordo daquela despedida!
Capivari … Relevo de luz e de poesia
Luis Pereira
Me encantei com o teu amanhecer
Sob o fulgurante brilho do sol
Numa casta calma e sorridente
Do meu correr ainda menino, na planície
Destas suas terras de bem querer…
De bem querer de lua e de relevado encanto
De belos encontros e desencontros
Sob a vigília do seu doce rio
Ainda puro e límpido, farto de piavas e lambaris
Como a minha alma pura e de elevado sonhos
De menino tímido e triunfal guerrilha
Quando, ainda sem desígnios, despreocupadamente
corria pelos seus verdejantes prados
E das suas tardes ardentes
De sol de verão e, de claras
Noites de estrelas prateadas
Sob o canto juvenil de seus acordes
De elevado encanto e de varonil deleite
De beleza da lua clara, espargindo
O verdejante verde dos canaviais
Desta encantada terra de luz
Que mesmo com o tremor e, borbulhar
Do progresso, mantém-se acessa
Sua centelha de luz e de arrebatadora alma
Que através da sua primorosa poesia
se eleva acima de suas ricas terras
Para proclamar seu nome de poesias
E de belas prosas para profetizar
Sempre o seu amado nome “Capivari”
Interrogação
Pedro Silveira Rocha
A noite vem descendo… Os pássaros aflitos
buscam a companheira… Ao longe, a catarata
alula ou geme, tem clamores esquisitos!
E, esquisito clamor, o urutau na mata.
Noite plena… Silêncio… A lua cor de prata
surge e enche o céu de luz. Dá a ela tons bonitos,
Todo é quedo e fascina!… Entanto, a alma insensata,
só, tem como o urutau extravagantes gritos.
Será esta solidão? Por que, ora, estes clamores,
se sempre fui tão calmo e me é tão belo a vida:
– um regato a correr cantando os meus amores?!…
Que há, então, que, nesta hora assim tão confortante,
abarca-me impiedosamente angústia indefinida?
– Que sinto eu, afinal? Ó noite deslumbrante?!…
Minha Vida
Rodrigues de Abreu
Minha vida, que é tão simples e apagada,
não é como são as vidas de romances,
plenas de tantos e imprevistos lances,
de fulgores, de beijos e de espada!
Vida de quem se levantou do nada,
e vai passando por humanas transes,
pondo suas tristezas em remanso,
burguesmente seguindo pela estrada.
Amo. Por isso nada me intimida…
Aceito a tudo com jovial semblante
e devoto a esta minha vida, amor profundo.
Quando, morrendo, eu entro em outra vida,
hei de estranhar, hei de chorar bastante,
terei tantas recordações deste mundo!
O Casarão das Tias
Solange Hoppe Padilha
Estou cansada…
erro voltar à porta do casarão antigo
Da esquina das ruas Barão com a Fernando
Olhar aquelas janelas abertas
E o sol entrando na sala espaçosa de
Mesas, cadeiras, sofás e rede
Ah! A rede… o balanço da rede
Embalando meus sonhos…
Estou cansada.
Quero deitar na rede e dormir
Até todas as tias me acordarem
Com carinhos, com bolinhos, com docinhos,
Com mingau de maisena com banana e aveia
E chamegos.
Estou cansada.
Tudo passa, tudo vai embora…
Aqui fica triste e a saudade não quer me levar embora.
O Menino
Décio Valente
“Cada poeta carrega um menino no fundo de si mesmo”. Fernando Sabino
De volta à minha terra
procurei pela cidade
um alegre menino.
Percorri,
de ponta a ponta,
todo o jardim,
certo de encontrá-lo
perseguindo uma borboleta
ou à procura de um ninho
com filhotes de passarinho.
Andei pelo pátio do mercado,
numa ansiosa esperança de vê-lo
brincando na areia solta,
queimado de sol ardente.
Talvez ainda encontrasse
as marcas dos seus pés descalços
correndo atrás de uma bola de meia.
Mas, qual!
O tempo apagou tudo,
não deixou nenhum sinal
naquela areia.
Saudoso, desesperado,
saí pelas ruas
à procura da infância
escondida no passado,
e, ao entrar num barbeiro
que me servia antigamente,
– ó impiedoso tempo! –
Vi, no empoeirado espelho mudo,
o rosto triste,
envelhecido,
do alegre menino.
Sombras do Passado
Elias de Mello Ayres
Sempre me lembra a saudade
os idos sonhos de infância,
e os sonhos, todo fragrância
dos tempos de mocidade..
Qual velho sonho sonhado
a saudade é doce essência,
lembrando a breve existência
no lago azul do passado.
Naquele tempo, a Esperança
que, em tudo havia bonança
antegozando porvir.
E a vida um grande sorriso
vivida num paraíso
que não mais há de existir…
O Bar Beneficente
Erício Gonzaga
(No Coleginho)
Em minha terra, um dia, Luiz Corazza
Fundou um bar beneficente, um bar
Que dava sempre, para a Santa Casa,
Uma parte da renda regular.
No prédio, houve uma escola e houve uma casa
Em que o Tiro de Guerra do lugar,
Por muito tempo, à soldadesca rasa
Isentava do tempo militar.
E, na parede, a frase de Barroso,
Do seu grito de guerra vitorioso,
Com leve alteração, passou-se a ler.
Por isso, à boemia muita vez austera,
Dizia o bom Corazza: “O bar espera
que cada um cumpra com o seu dever!”.
Pelo que não foi dito
Esmeralda R. Carvalho
Desculpa amor,
ter chegado em teu mundo encantado.
Algo muito profundo nos uniu no passado
e nos prendeu no presente, com laço de fita dourado.
Desculpa amor,
os sofrimentos, amarguras, separações
que nos impôs a vida,
deixando -a sem vida, entristecida.
Sofremos longe, chegadas e saídas, despedidas.
Queríamos a felicidade, e;
as tardes sem amor,
as noite mal dormidas,
deixavam nosso amo
morrendo de saudade.
E ela vinha e nos tomava nos braços.
Assim recolhendo as pedras do caminho,
a vida passou por nós.
Com tudo que sofremos, vamos partir um dia.
Uma razão havia de teres sido meu
e eu, ter sido tua.
Um dia talvez, em outras paragens
possamos ser felizes
e ver, de mãos entrelaçadas,
refletidas pelo sol, nossas imagens.
A Ponte do Pinho
João B. Campanholi
Uma das mágoas que carrego
Ferindo-me tal espinho,
É não ter brincado nas águas
Que correm na Ponte do Pinho.
Foi bem lá que Júlio Ribeiro,
Dizem, “A Carne”, escreveu.
O livro, eu o li, ainda jovem.
A Ponte, de mim se perdeu.
Por ela passei várias vezes
No apito da Sorocabana.
Mas, nunca senti-lhe o corpo,
Velha Ponte capivariana!
Caminhando por esta estrada
José L. Fornazieri
Caminhando por esta estrada
Encontrei campos fecundos
E paisagens suaves e belas
Mas não encontrei você…
Caminhando por estra estrada
Vi o rico passeando e o pobre mendigando
Vi crianças cantando e pessoas chorando
Mas não encontrei você…
Caminhando por esta estrada
Ouvi o cantar dos pássaros
O ruído dos automóveis
Mas não encontrei você…
Caminhando por esta estrada
Vi o amor no semblante das crianças
E a preocupação nos adultos
Mas não encontrei você…
Caminhando por esta estrada
Vi a luz nos horizontes
Vi a alegria e a dor
Mas não encontrei você…
Caminhando por esta estrada
Encontrei muitos sonhos e ilusões
Vi a fartura e o sofrimento
Mas não encontrei você…
Anti-Degredo
José Roberto Abib
Amar-te-ei à luz de mim mesmo.
Até porque na completude de meu ser,
Fartas mesuras expressam um amor
Que jamais veremos à deriva,
Enquanto o sol não se puder, gradual,
Nos fulvos recônditos do mesmo horizonte
Que doura todo entardecer,
Verás, não me equivoquei quanto à esta
Perpetuável opção,
Quanto mais nossos passos se aproximarem,
Aos olhos e pensamento não nos serão obscuras,
As noites que traça destinos sob os mesmos
Auspícios com que Deus nos provê esperanças
Em franco processo de evolução.
Decreto assinado! Raios fulminam
A ínvia indocilidade com que os degredos
Costuma nos tanger sem serem atemporais,
Porém, já pré-concebidos para pouco durar…
Sonho
Leonel Pereira
Sonhei, minha amada, que estavas dormindo,
Que estavas dormindo num leito de flor,
E eu te velando, compunha sorrindo,
Compunha sorrindo poesias de amor!…
E tão deslumbrado com tua beleza,
Eu tinha vontade de te despertar,
Eu via em teu rosto candura e pureza,
E o doce pecado me vinha tentar…
E sempre fitava, pasmado e cativo,
Teus lábios puníceos que nunca beijei,
Teu corpo virgínio, tão lido e lascivo,
Lascivo e tão lindo, que quase pequei!…
Depois despertei-me do sono profundo,
Fiquei tão sozinho, sozinho a pensar
O quanto é suave viver neste mundo,
Viver neste mundo, contigo a sonhar!…
E quando me lembro daquele momento,
Daquele momento de sonho e prazer,
Aumenta a esperança que mais acalento
E as cordas da lira começo a tanger!…
Poemeto
Maria N. C. Rampim
Como a água de um rio
sobre outro rio,
deixei-me rolar sobre tua vida
e agora não me encontro.
Como a água de um rio
sobre outro rio
que desce na corrente,
eu já não sou,
nem volto…
Como a água de um rio
sobre outro rio,
sem me destruir,
perdi-me!
E agora que te vai,
quem em devolverá?…
A Minha Terra Natal
Maria N. B. Calegari
Capivari, te amo tanto!!
Teu povo, Terra de encanto e magia
Venho dizer o que penso,
Nesta data de alegria.
Há luzes por todo canto,
Minha cidade querida.
E Deus a reservou para mim
Para enfeitar minha vida.
Em tuas ruas largas e belas,
Enfeitadas de sol e luar,
Adoro passear por elas,
Como é bom sempre te amar.
189 Anos – Vestígios Culturais de Capivari
Ronei A. Bossolan
Gerações passaram em Capivari…
Deixaram história, arte e cultura.
Deixaram vidas e uma nova geração
Vestígios de sonhos a realizar…
189 anos… Sintetizam mais de uma geração
Transforma esta terra… Vivendo esperanças
No campo as culturas do café e da caba de açúcar
Na cidade, o mix de uma imigração italiana…
A História traz as raízes de um povo
Os lugares que marcaram a vida de muitos capivarianos
A Igreja Matriz de São João… A nossa Praça Pública…
Casarão do Barão de Almeida Lima, a Estação Ferroviária.
Os cinemas… Cine Íris… Cine Politeama… Cine Vera Cruz…
Os tradicionais salões de baile… Capivari Clube e Salão dca Cultura.
Sítio Santa Rita… terra dos quilombos…
E as terras e a cultura da cana de açúcar que marcaram gerações.
Quantos momentos de vida de um povo simples…
De artistas, entre outros, que marcaram sua história:
Tarsila do Amaral,
Rodrigues de Abreu,
Amadeu Amaral,
E podemos citar, neste momento,
O músico Miguel Ângelo Annicchino (Miguelito)
Uma cidade é construída com a idiossincrasia cultural de seus habitantes
189 anos de lutas… momentos diversos… superações das enchentes do Rio Capivari.
Capivari foi construída de almas artísticas – e poeiras de lembranças
Que se transformaram em névoas de celebração no
coração de cada capivariano…
Congratulations! Viva a nossa terra dos artistas… dos escultures
Dos músicos… das pessoas que compõem cada movimento desta história
Viva a todos que compõem a cidade viva em nossas ruas e avenidas
A todos aqui presentes muita celebração…
Viva a cada um… que move esta história…
Ser Poeta
Leonor de Almeida
Como é bom ser poeta!
Poeta pode sentir emoções
Arrancar os seus versos
Bem do fundo do coração.
Ah! Doce sonho
Como é belo sonhar…
Sentir que a vida passa
Num alegre palpitar.
Envelhecer sorrindo
Olhando tudo que está a sua volta,
É receber como recompensa
O prêmio da saudade.
Ser poeta é ser sonhador
Viajar sonhando…
Numa eterna esperança de sonhos impossíveis.
E esperar que a luz jamais se apague.
Sempre vibrante como a aurora grandiosa.
Dando lugar aos momentos de glória.
Veja, quem tem olhos de ver
Divaldo Datti
Ao meu destino indaguei:
– Que destino seria o meu?
Ele falou-me o que sei:
– Que o meu destino era o teu.
Como então eu insistisse:
– Que destino era esse o meu?
A sorrir ele me disse:
– Que o destino faço eu!…
Falei-lhe:
Trabalho desde pequeno,
Quero ficar numa boa.
Ele fez-me breve aceno:
– Estás te4 queixando à toa…
Perguntei ao céu e ao vento:
– O que me faz sofrer assim?
O vento respondeu, atento:
– Que sofrer nem sempre é ruim,
Porque com ele se aprende
Muito do que se pretende.
Pedi à felicidade:
– Quero o silêncio da mata!…
Ela respondeu, sensata:
– Deixe um pouco essa cidade…
Por que estou tão descontente?
Perguntei ao Sol e à Lua.
E ela, muito sorridente:
– Porque a culpa é toda tua.
E o Sol – antes calado:
– Faças tudo com agrado!…
Onde está Deus e por quê
Perguntei à Natureza.
– Em tudo o que você vê,
Porque isso é certeza!…
– Desde então o meu desejo
É buscar ver o que vejo…
Versos Bilacaetanos
Luís Antônio Albiero
Náuseas póstumas de um pretérito nojo,
preterida a vida em seu sôfrego bojo
Sujos marujos, cujos fujo
fugas fugazes em fumaças sagazes.
Ideias inócuas, iníquas, loucas
não feias, porque vem das veias
do labor de quem labuta a luta,
vibra o esmeril com vibrante esmero;
súcubas mãos, sílabas artes
do ourives a ouvir estrelas.
Ora, dirias, certo perdeste o senso,
esqueceste o lenço, os documentos;
fusão sem graça, insólito “non senso”,
A graça está no inocente,
quão puramente vibram as belas artes
dos versos cabrais de meio soneto.
Vinício vícios do fruto da videira
da viseira, da visão matreira.
Concepção ovular do espermatozoide,
nasce a ideia de um vão orgasmo
e no mais sacro sarcasmo, brota
um poema de letras univitelinas,
de fraternas sílabas e frases idiotas.
Porta de Vidro
Margareth M. de Castro
(homenagem ao inesquecível e saudoso poeta Rodrigues de Abreu)
Guardo o teu livro
dentro do meu coração
como se fosse um livro de oração.
É que vivo
a refletir-me nele,
pensando naquele
que para viver precisa de uma ilusão.
Tuas poesias são divinamente puras,
pois eleva a mais miserável das criaturas
para a mais alta das alturas.
Ah! como é bondoso o teu coração de poeta!
Quem leu as tuas poesias
jamais te esquecerá.
Elas cantam em rimas
com a vivacidade de uma sabiá.
Me encontrei neste mundo puro e poético
que existe em teu precioso livro
E em tua homenagem fiz
PORTA DE VIDRO.
Até o fim
Zilda Nascimento Striuli
Não, não pares.
É graça divina
começar bem.
Graça maior,
persistir no caminho certo,
manter o ritmo…
Mas a graça das graças
é não desistir.
Podendo ou não podendo,
ainda, embora aos pedaços,
chegar ao fim.