Rubinho de Souza

No Fundo do Baú Raffard

01/09/2017

No Fundo do Baú Raffard

O show de Vitorião Iori, na Barbearia do Carmo…

Na Barbearia do Carmo, frequentavam pessoas de todas as idades, de classes sociais diversas, e com diferentes modos de ver a vida, em função de sua educação escolar, tanto era assim, que ao mesmo tempo, por exemplo, em que o prefeito da cidade aproveitava uma pausa para cortar a barba, poderia eventualmente chegar também um humilde funcionário da Prefeitura, e todos eram cortesmente atendidos e igualmente tratados com atenção e zelo.

Mas o que realmente cumpre aqui destacar, é que sempre tinha na barbearia, um violão que meu irmão Elias comprou para treinar uns acordes, e nas horas de folga, tirava alguma coisa para matar o tempo…

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Nos finais de semana, quase sempre à noitinha, chegava no salão um personagem folclórico da cidade de Rafard, que muitos leitores irão se lembrar, o famoso “Vitórião”, que ao entrar no salão, alguém já lhe passava o violão, que ele pegava, como um pai pega seu filho pelo braço, e depois de conferir a afinação, como fazem os bons instrumentistas, começava a dedilhar entre outros, um dos grandes sucessos de Dilermando Reis, a chamada:“Marcha dos Marinheiros”.

Mas quando terminava a música, ele dava uma virada no corpo do violão como parte do show, malandramente, dando a entender, que já ia parar de tocar, e olhava para a plateia que o haviam rodeado para assistir o show, quando alguém que havia chegado dizia: Ah! Vitorião, toque a Marcha do Marinheiros! E ele, soltando uma gargalhada, dizia: – Ôtra vêi!, e continuava: – Só se trazê uma pinga! E ria…

Parecia uma senha, pois como eu já sabia, ato contínuo, ia até meu irmão Elias, que já estava com o dinheiro na mão, e com a rapidez que só tem os moleques, saia correndo para ir no Bar do Aderque, ou do Antenor, comprar o combustível que movia o show.

Mais uma música, e mais um gole, e logo a música novamente era interrompida, com o intuito de causar novamente aquele…Ah! toque outra! E novamente ele rindo e com voz rouca, pedia mais um copo.

E lá ia eu novamente buscar mais um trago para que a plateia que se aglomerava, pudesse ouví-lo tocar, e era assim, até terminar o show de Vitorião na Barbearia do Carmo…

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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