Marcel Capretz

No Brasileirão não é o melhor que vence

Marcel Capretz, colunista esportivo

Até que enfim começou o Campeonato Brasileiro! Gosto e defendo os campeonatos estaduais. A cadeia do futebol nacional precisa dessas competições, que empregam e movimentam a grande maioria de quem trabalha e depende da modalidade. Porém nos moldes atuais os estaduais conseguem atrapalhar os times grandes, que jogam muito, e os pequenos, que jogam pouco. Mas isso é assunto para outra coluna. O fato aqui é que no Brasileirão há muito mais jogos interessantes por rodada. Ou deveríamos ter. Isso porque existe uma crença no inconsciente coletivo do futebol brasileiro de que todo clube deve priorizar uma ou outra competição. Jogar “para valer” dois ou até três campeonatos é impossível, alegam os preguiçosos. E muita gente aceita essa desculpa.

Os dois trabalhos mais consolidados no Brasil são o de Renato Gaúcho no Grêmio e o de Mano Menezes no Cruzeiro. Coincidência ou não, ambos estão há muito tempo em seus clubes e ambos também tem ganhado vários campeonatos. Renato com o seu Grêmio ofensivo e Mano com o seu Cruzeiro pragmático. Duas ideias diferentes, mas bem executadas pelos seus jogadores. Menção honrosa, também, a Fábio Carille reconstruindo o Corinthians e Odair Hellmann no Inter e Tiago Nunes no Atlético-PR aperfeiçoando e buscando alternativas dentro do seus respectivos modelos de jogo. Felipão no Palmeiras e Abel Braga no Flamengo são dois grandes gestores de pessoas, porém precisam apresentar mais em termos de conceitos de jogo.

Quando o Brasileirão recomeçar após a pausa para a Copa América teremos decisões em Libertadores e Copa do Brasil. Serão jogos de meio e final de semana para as equipes que forem avançando. E aí ouviremos aos montes a famigerada expressão ‘priorizar competição’. O discurso já está pronto: o Brasil é muito grande, são muitas viagens, os aeroportos da América do Sul não funcionam direito, não dá tempo para treinar, os jogadores estão cansados e outros blá, blá, blá, idênticos aos de anos anteriores.

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Jogando muito ou jogando pouco a qualidade do futebol brasileiro, de maneira geral, representa a segunda divisão do futebol mundial. Muito por conta dessas desculpas e justificativas que são dadas. Jogador cansa porque corre errado. Porque a equipe é mal treinada. A questão física é muito relativa porque quanto melhor o time cumpre os princípios ofensivos, defensivos e de transição menor é o gasto de energia. Se treina pouco no mundo inteiro, mas a qualidade do treino e a criação de um estado de jogo nas atividades é que faz com que o jogador leve concentração e rapidez na tomada de decisão para o campo. Não é um estádio lotado que fará o jogador sustentar uma performance em alto nível técnico, tático, físico e emocional durante uma partida. Muito menos o técnico berrando na beira do campo. É treino intenso, na sua versão mais complexa e sistêmica, que fará com que o jogador somatize comportamentos e apresente isso no jogo.

Por todas essas questões não dá para falar quem vai ser campeão brasileiro. Já citei quais são os melhores trabalhos por aqui. Mas as desculpas vão acontecer conforme o ano for transcorrendo. Acredito que não vá vencer o melhor. E sim quem der menos desculpas.

ARTIGO escrito por Marcel Capretz
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Jornal O Semanário

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