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Naquele tempo II

Denizart Fonseca, Cidadão Rafardense, oficial da FAB e professor de Educação Física e Desportos, colaborador desde a fundação do jornal O Semanário

Fundado por Júlio Henrique Raffard, o pequeno vilarejo – então subordinado a vizinha Capivari – os seus moradores sonharam sempre em sua emancipação político-administrativa, a começar com o Padre Manoel Simões de Lima, pároco da Igreja Matriz Nossa Senhora de Lourdes, unido a demais habitantes, certos de que o lugar que; em 1910 já possuía 4 mil habitantes, tinha condições, para sobreviver pelo seu próprio esforço e trabalho.

Emancipação essa que só foi conseguida a 23 de Março de 1965, após longa peleja diplomática, entre os moradores de ambos os lugares.

A vida no lugar teve início – com já foi dito – pela vinda de Júlio Henrique Raffard, pessoa de espírito empreendedor de grande visão, vinculado a grupos econômicos e comerciais ingleses, também interessados em fatos históricos do Brasil, fundou um engenho de açúcar, plantando ao seu redor muitos alqueires de cana.

No fim do século XIX, o Imperador D.Pedro II, já havia incluído em seu plano de governo o plantio de cana para produção de açúcar e montagem de engenhos em Pernambuco e na Bahia, resolveu autorizá-lo também, em solos paulistas. Dentre outras designações, no Município de Capivari, pelo decreto 6.317 em 20 de Setembro de 1876 foi aprovada a autorização do funcionamento, bem como os Estatutos que o regeriam.

Um grande brasileiro e colaborador com D.Pedro II, foi Irineu Evangelista de Souza o Barão de Mauá, prático e de grande visão, não demorou a encontra o homem, que seria uma das colunas fundamentais para que o desejo do Imperador se realizasse. Em uma de suas viagens a Paris, a fim de adquirir material destinado à construção de ferrovias em nosso território, conheceu André Patureau um engenheiro francês.

Esse cidadão instalava usinas movidas a vapor, feitas de material moderno, para a produção de açúcar evaporado e cristalizado a vácuo, tornando-o branco através de secagem centrífuga. Essa técnica recém-criada foi muito apreciada, sendo uma resposta urgente, da concorrência entre a França e Inglaterra, com a relação ao açúcar refinado de beterraba produzido em usinas construídas em toda a Europa.

As terras de Porto Feliz, Capivari (Villa Raffard) e Piracicaba, de clima seco e quente foram percorridas e confirmadas por Patureau, serem a de melhor qualidade e adaptável para o plantio da cana-de-açúcar, uma das razões para a formação do povoado. Entestando, não era suficiente á um engenheiro e técnico renomado, visionário e persistente para desenvolver, pela política de concessões de juros mantida pelo Imperador. Essas qualidades somadas a inteligência, preparo comercial, intelectual e cultural foram encontradas em Júlio Henrique Raffard.

Em 1884, Capivari já era uma zona canavieira, com diversas instalações particulares em seu território. Os senhores de engenho comprometeram-se a cessar suas atividades, direcionando o fornecimento ao Engenho Central, porém, a maioria não cumpriu o acordo assinado entre as partes e a safra de 1884 só foi possível graças às lavouras de cana do Conselheiro Gavião Peixoto e de alguns fornecedores, fieis ao compromisso e mantendo a palavra empenhada. O início das atividades de fabricação do açúcar se deu em 26 de junho de 1884.

Nesse mesmo ano, D.Pedro II acompanhado de sua filha Princesa Isabel – Herdeira do Trono do Brasil – filhos e comitiva visitaram Júlio Henrique Raffard, hospedando-se na residência por ele construída e de sua propriedade, o que foi uma honra para os moradores do pequeno lugar.

ARTIGO escrito por Denizart Fonseca, Cidadão Rafardense, oficial da FAB e professor de Educação Física e Desportos, colaborador desde a fundação do jornal O Semanário

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