Continuando na caminhada pela propriedade da Usina, seguimos a estrada, passando pelo Bate-Pau, e chegamos à um prédio grande, na margem do então Rio Capivari (então porque naquela época, era um rio piscoso e de águas límpidas), hoje infelizmente o oposto, transformado em córrego mal cheiroso, verdadeiro esgoto a céu aberto.
Nesse prédio funcionava uma bomba elétrica, para levar à Usina, suprindo suas necessidades, o precioso líquido. Havia também ali, ligando Rafard a Capivari uma “ponte pênsil” (sem outro suporte além das duas altas colunas de metal fixadas em cada margem do rio, sustentando com cabos de aço a parte transitável.) Ponte, anos depois substituída por uma de madeira.
Subindo o morro, a “picada” nos levava até a Raia na periferia de Capivari.
Da ponte, descendo pelo rio, em sua margem esquerda, havia uma pequena praia onde o Sr. Bruno Orlandim retirava a areia, (apelidada de “areão” onde nadávamos diariamente), atendendo aos construtores de residências para a população que aumentavam rapidamente.
Mais abaixo em uma curva para a direita, o “poço fundo” um largo remanso de onde o rio ia ter à represa da Fazenda Leopoldina. Próxima à linha férrea que passava próxima à represa, havia a residência de funcionário da E. F. Sorocabana – telegrafista – servindo no Posto de plantão, subordinado ao Chefe da Estação em Rafard. A Estação foi construída em 1884, quando o Engenho iniciou suas atividades.
Saudosos e bons tempos das viagens realizadas nos trens, em vagões de 1ª. e 2ª classe, não tão rápidas, mas seguras, quando os passageiros tinham liberdade de transitar entre os vagões, havendo em alguns comboios, para as viagens mais longas, carros restaurantes e dormitórios. Outra transformação, que a nosso ver, por interesses particulares, se deu para dar lugar às rodovias.
Não podemos deixar de citar as muito bem criadas e organizadas e acompanhadas pelo Padre Arcádio Franchini, dando oportunidade aos moradores para conhecerem Santos e suas praias, bem como outras cidades do Estado de São Paulo. A esse mesmo Pároco que exerceu suas funções eclesiásticas na Igreja N. S. de Lourdes, de 16-01-1937 a 02-05-1947, a cidade deve agradecer também, pela fundação do Círculo dos Trabalhadores Cristão de Rafard.
Voltando um pouco no tempo – confirmando as transformações sofridas não havendo Clubes Sociais há muitos anos, não desfrutamos mais dos alegres folguedos carnavalescos nos salões e nas ruas; findaram-se as disputas esportivas; não há mais cinema nem teatro e o famoso “vai-e-vem” na Maurice Allain, antes de irmos assistir aos filmes de Flash Gordon, caubóis, mudos e em preto-e-branco.
Findaram-se também as concorridas festas nos finais de safra, quando, dentre outras atividades, havia como encerramento, um pomposo baile que só terminava na madrugada. Mas existiam…
Com o progresso, chegaram às ruas e praças, os calçamentos com paralelepípedos e depois asfalto, tirando da pequena Praça da Bandeira (parte agora lajeada, transformou-se em estacionamento de carros), a montagem dos parques de diversões, quando não, onde, em chão de terra batida disputávamos jogos com bolinha de vidro e de aço. Passamos meteoricamente pela vida terrena, porém, a saudade dos nossos bons tempos nela passados, de uma infância que não tem retorno, jamais passarão. Segue.
Cidadania
Sob uma nova Presidência, foram reiniciadas as atividades na Câmara Municipal. Benvindos sejam ao trabalho, nobres Vereadores.
ARTIGO escrito por Denizart Fonseca, Cidadão Rafardense, oficial da FAB e professor de Educação Física e Desportos, colaborador desde a fundação do jornal O Semanário
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