Dom, estudo ou persistência? Isso não importa para Antonia Maria Mila Peixoto e sua filha Rosane Mila Peixoto, titulares do Cartório de Registro Civil de Rafard. Depois da chegada das musicistas clássicas, as tardes de sábado não são mais as mesmas na rua Nossa Senhora de Lourdes, no Centro da cidade.
A reportagem d’O Semanário participou do sarau musical – evento cultural realizado geralmente em casas particulares onde as pessoas se encontram para se expressar ou manifestar artisticamente -, realizado na tarde do último sábado, 20, que contou com a participação de diversos amigos, como o seresteiro Denizart Fonseca, o vereador Wagner Bragalda, dona Biba e seu Heitor Turolla, Zilce Pazzianotto Pinto Maschietto, Cecília Armelin, entre outros.
De Voi que Sapete, peça de Mozart, à Esmeralda, de Carlos José. De clássicos de Giacomo Puccini a poesia de Nhá Barbina, nome artístico da comediante Conceição Joana da Fonseca. Assim algumas pessoas passam as horas na querida ‘Cidade Coração’. Entre uma música e outra, todos são convidados a soltar a voz, a recitar um poema, e também a falar um pouco sobre os sentimentos que a arte transcende, enfim, uma junção cultural e artística muito valorosa para o crescimento pessoal.
As duas salas principais da residência, mais parecem um estúdio, são três pianos tradicionais e um elétrico, uma bateria, uma harpa e diversas castanholas – isso foi o que a reportagem conseguiu contabilizar – que animam as tardes de sábado, sempre precedidas do tradicional chá, carinhosamente preparado pela anfitriã.
“O gosto pela música começou com mamãe (Eliphas Chinellato Mila), que tinha uma voz linda. Mamãe era sonora, tinha potencial e queria ir pra Itália em certa época. Ela lecionou música e canto durante muitos anos em São Paulo”, descreve orgulhosa dona Antonia, que aprendeu e repassou o conhecimento para sua filha, Rosane Mila Peixoto.
A música é uma forma de arte que se constitui na combinação de vários sons e ritmos, seguindo uma pré-organização ao longo do tempo. É considerada por diversos autores como uma prática cultural e humana. Não se conhece nenhuma civilização ou agrupamento que não possua manifestações musicais próprias. Embora nem sempre seja feita com esse objetivo, a música pode ser considerada como uma forma de arte.
Para Wagner Bragalda, vereador rafardense e um dos responsáveis pelo coral da igreja Matriz de Nossa Senhora de Lourdes, as reuniões (saraus) servem primeiramente para que a música não se perca. “Aqui a gente tem a oportunidade de ter mais conhecimento musical e também melhorar nosso estado de espírito, nossos ânimos, deixando as energias negativas para lá e nos alimentarmos desse prazer que inebria”, complementa.
Dona Antonia explica que é preciso velar a chama da arte. “Ela não pode se apagar, é a arte, da poesia, da música”. Já o senhor Heitor Turolla define a música como a arte de manifestar os afetos através do som.
Ao fim da tarde, a despedida se dá com a interpretação da música Ave Maria, no piano tradicional alocado na sala de entrada da casa. Dona Antonia e Rosane são cumprimentadas e encerram os trabalhos com mais dois convites na agenda.
E assim elas persistem em velar pela cultura e manter acesa a chama pela música, poesia e arte, tudo isso, numa pequena cidade do interior paulista, terra rica de artistas como: Tarsila do Amaral, José Maria de Campos, Geraldo Albertini, Bernadete Colombo Valadez, Segisfredo Moretti, e agora, ‘casa’ de dona Antonia e Rosane.