27/03/2015
Motoristas e pedestres disputam espaço nas ruas de Rafard e Capivari
Vereadores cobram providências do Executivo para trânsito mais seguro
RAFARD E CAPIVARI – Foi preciso apenas alguns minutos para a reportagem presenciar infrações de trânsito nas regiões centrais de Rafard e Capivari na última terça-feira, 24. Raro é ver motorista diminuindo a velocidade para aguardar o pedestre concluir a travessia na faixa. Mas, quem anda a pé, muitas vezes, também ignora as sinalizações no asfalto – tanto a faixa da vida quanto a faixa de pedestre comum.
Na Avenida Dr. José Soares de Faria, em Rafard, parte dos pedestres atravessa ao lado da faixa da vida e na diagonal, em frente ao Espaço Pediátrico Raul Canavesi Morato, desrespeitando o Código Brasileiro de Trânsito. De acordo com a lei, é obrigatório atravessar a rua na faixa se ela estiver a menos de 50 metros, como era o caso no local. “Muitos motoristas e inclusive pedestres acham que a faixa é para enfeitar as ruas”, critica o aposentado Jose Pagliardi, de 49 anos, morador de Capivari.
Nesse outro município, no cruzamento das ruas Bento Dias e XV de Novembro, sequer é possível ver a faixa, “já que os motoristas insistem em ocupá-la com seus veículos”, conta o estudante Renan Francisco Viana, de 23 anos. Há dois anos, a Prefeitura distribuiu folhetos nas casas para conscientizar pedestres e condutores sobre a importância da faixa da vida, na época recém-pintada em vários pontos da cidade.
Em 2015, porém, o secretário de Mobilidade Urbana, Roberto Donisete Angelini, informou que não há, no momento, nenhuma campanha sendo desenvolvida referente às faixas de pedestre, tampouco programas de educação no trânsito em Capivari – onde, atualmente, trafegam em torno de 34 mil veículos, segundo ele. Apesar disso, Angelini disse que os pedestres costumam, sim, utilizar as faixas, mas afirmou que, por outro lado, os motoristas ainda não dão a vez a quem está a pé.
“Os pedestres não respeitam nem o semáforo, principalmente os estudantes que saem meio-dia da Escola Estadual Padre Fabiano”, rebate a professora rafardense Natanieli Evangelista, de 30 anos. “Eles vêem que o sinal está verde e ficam atravessando em meio aos carros, atrapalhando todo o trânsito daquela região, que vai até a Padaria Pão Nosso, e nunca tem um guarda para monitorar esses adolescentes.”
“Será tomada alguma providência? Porque aqui em Rafard é um caos”, resume a professora de Inglês e Português Nádia Cristina Bitti Sanchez dos Santos, de 34 anos. Segundo ela, o problema é maior na esquina da Rua 14 de Julho com a IV Centenário, próximo ao supermercado Minipreço. “Tudo é faixa amarela, tem faixa da vida e ninguém respeita nada. Chega a dar raiva.”
O local citado por Nádia foi um dos temas discutidos na última sessão da Câmara, realizada na noite de terça-feira, 17. O vereador Alexandre Juliani (SDD) relatou um acidente que aconteceu recentemente naquela esquina com um motociclista e cobrou uma providência do Executivo, principalmente no sentido de conscientizar a população, a fim de evitar algo mais grave no futuro.
“Tem aquela faixa da vida tão bonitinha, bem centralizada, que não serve para nada. Só enfeita a rua e a cidade”, ironiza. “[A Prefeitura] só vai tomar uma providência a hora que acontecer uma tragédia. Só assim para tomar uma providência em Rafard”, lamenta Juliani. Na mesma sessão, o vereador Marcelo Frederico (PTB) indicou à Prefeitura estudos para a realização de campanhas de educação no trânsito no município, sobretudo para destacar a preferência dos pedestres nas vias.
“Só que quando se fala em campanha nessa cidade não funciona, não é divulgado. Em outras cidades, quando o pedestre coloca o pé na faixa o carro para”, afirma. “Outro dia, chovia e tinha uma senhora com guarda-chuva na minha frente. Ela está na chuva e você está dentro do carro. Por que você não vai dar preferência à senhora na faixa de pedestre?”, exemplifica. “É disso que eu falo na minha indicação e espero que seja atendida pela Comunicação da Prefeitura.”
Procurado pelo jornal O Semanário, o poder público de Rafard informou que mantém campanhas de educação no trânsito por meio do Programa Municipal Antidrogas (Promad), com palestras voltadas para alunos e pais de alunos da Rede Municipal de Ensino. Como o próprio nome diz, o Promad também trabalha a conscientização quanto ao consumo de álcool e outras drogas na sociedade.
O governo municipal reforçou que as faixas são de extrema importância para o bem-estar da população. Porém, disse reconhecer que muitos ainda não a utilizam, “porque não se sentem à vontade”, justifica. Por outro lado, a Prefeitura garantiu que tem havido melhora em relação ao respeito com os pedestres. “O trabalho desenvolvido pela Diretoria de Educação pode ser lento, no entanto, é mais eficaz, pois quebra paradigmas, uma vez que as crianças cobram de seus pais o cumprimento das leis.”
Luiz Antonio Ferreira Brito (SDD), por sua vez, acredita que a raiz do problema em frente ao estabelecimento é outro. “Como alguém coloca um mercado lá e enche de faixa amarela? Você vai colocar o carro aonde? Então aquela rua teria de ser uma mão só”, sugere o vereador. “As pessoas chegam lá e não têm onde estacionar. Aí vão lá e colocam na faixa amarela. Aí vem um ônibus da MM Souza Turismo, vem o cara da carga e descarga, vira aquela confusão. Deveriam tomar uma providência”, frisa.
“Ninguém respeita. Tanto os pedestres quanto os motoristas. Quando não tem sinalização as pessoas reclamam. Quanto tem idem”, opina a designer de moda Luana Elisa Ré, de 24 anos. E até os mais jovens se incomodam com a situação. É o caso da estudante Sabrina Cristina de Almeida, de 14 anos. “Tem motorista que pensa que aqueles riscos nas ruas são obras de arte: param em cima da faixa e nós temos de dar a volta no carro. Aí a gente fala, não gostam.”