Moradores e pescadores de Rafard estão preocupados com a mortandade de peixes no Rio Capivari. A denúncia aconteceu na manhã de terça-feira (6), após pescadores encontrarem peixes mortos na região da represa Santa Rita, zona rural de Rafard.
De acordo com pescadores, não é a primeira vez que isso acontece e eles desconfiam que isso esteja ocorrendo por conta do esgoto urbano que é lançado no rio.
O assunto foi tema de reportagem na EPTV Campinas. A equipe de reportagem da rádio Raízes FM também esteve no local na manhã de quarta-feira (7) e constatou a mortandade de peixes. “Percorremos cerca de um quilometro abaixo de onde foram encontrados os peixes mortos, e localizamos mais”, conta o repórter Tonny Machado.
Segundo pescadores que frequentam o local, várias espécies de peixes foram encontradas, entre elas, bagre, lambari e tilápia.
A Prefeitura de Rafard confirmou que técnicos da Cetesb estiveram na cidade, na tarde de quarta-feira (7), e realizaram a análise da água.
De acordo com o chefe da Divisão de Meio Ambiente da cidade, Guilherme Pagotto, no momento da coleta, a água apresentou bons parâmetros e não foi possível identificar qualquer tipo de substância que causasse a mortandade dos peixes.
“No entanto, como o fato aconteceu na segunda-feira (5), se passou um bom tempo. Assistindo os vídeos dos moradores, tudo indica que realmente houve uma descarga de alguma substância, mas não foi possível identificar por estar muito diluída na água e ter seguido rio abaixo”, explica Pagotto.
Possíveis causas
No próprio site da Cetesb existe um informativo que explica quais podem ser as principais causas de mortandade de peixes. Veja o que diz o material:
O peixe depende da qualidade de seu meio, a água, para suas necessidades respiratórias (oxigênio dissolvido), alimentares e reprodutivas, ou seja, para a sua sobrevivência. Uma mortandade pode ter causas naturais, ser resultante de atividade antrópica (humana) ou, ainda, ser causada por uma combinação de fatores naturais e antrópicos.
Entre os fatores naturais, estão alterações bruscas de temperatura, tempestades (inundações), decomposição de matéria orgânica natural, alteração na salinidade, alta mortalidade de crias e eclosões de parasitas, bactérias, vírus e fungos.
Existem fatores que variam no meio aquático, como por exemplo, a temperatura, o pH, o oxigênio dissolvido, a salinidade e o material em suspensão, que são de suma importância para a qualidade de vida dos peixes.
Esses fatores podem oscilar naturalmente ou em decorrência de modificações promovidas pelo homem, como erosão, acidificação, aquecimento por entrada de água de resfriamento de instalações industriais, matéria orgânica de esgoto doméstico e industrial, nutrientes, etc. A oscilação dessas condições, seja natural ou não, pode iniciar uma mortandade.
Entre os fatores antrópicos, estão lançamentos industriais e municipais, acidentes com substâncias químicas, atividades agrícolas e atividades ligadas ao controle de fluxo da água (por exemplo, hidrelétricas).
Ao se considerarem os fatores abióticos (não-biológicos) e sua importância na qualidade do ambiente para o cultivo ou a sobrevivência dos peixes, deve-se ter em mente a grande variedade de peixes existentes (mais de 20 mil espécies) e suas diferenças; o que está relacionado a diferentes graus de sensibilidade e tolerância a esses fatores, segundo a espécie a ser considerada.
Tanto os fatores naturais como os antrópicos estão intimamente relacionados no meio aquático, sobretudo em regiões densamente povoadas, como é o caso de boa parte do Estado de São Paulo.
Se todos os peixes morrerem abruptamente ou em um curto período de tempo (24 horas ou menos), provavelmente a mortandade foi causada por um evento repentino que tornou o ambiente impróprio para os peixes.
Se a mortandade começou lentamente e aumentou abruptamente nos 5 a 7 dias seguintes, a causa mais provável pode ser uma depleção de oxigênio que se desenvolveu lentamente ou um agente infeccioso altamente virulento.
Mortandades que continuam por extensos períodos (semanas ou até meses) em um ritmo baixo podem ser causadas por agentes infecciosos de baixa virulência ou exposição crônica a concentrações subletais de uma substância tóxica.
Vale ressaltar que esses são os padrões básicos que podem ser observados e que outros padrões podem acontecer.