11/08/2017
Mombuca registra morte de 3 bovinos por raiva
MOMBUCA | Vampiros não são lenda. Eles existem no Brasil e causam muitos problemas aos pecuaristas. O Programa Estadual de Controle da Raiva dos Herbívoros confirmou esta semana, a morte de três bovinos em Mombuca. A transmissão da raiva aconteceu no primeiro semestre deste ano, segundo o médico veterinário, Paulo Antonio Fadil, causada por ataques de morcegos hematófagos (que se alimentam de sangue). Para conter os ataques, a Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo enviou dois técnicos agropecuários, na semana de 24 a 28 de julho, para levantamento da situação e atuação no perifoco (raio de 12 km dos pontos onde aconteceram os ataques) e outras cinco equipes – composta por 10 técnicos agropecuários – varrem áreas desde a segunda-feira, 7, para revisão de abrigos e captura de morcegos. De acordo com Tereza Paranhos, da Defesa Agropecuária, em caso de ataques do mamífero, o produtor rural deve encaminhar em imediato seus animais à vacinação contra a raiva e comunicar as Casas de Agricultura da região ou o Escritório de Defesa Agropecuária (EDA) de Piracicaba. Em Capivari, segundo a Secretaria de Saúde, até o momento nenhum caso foi registrado. No entanto, alguns pecuaristas têm reclamado do ataque de morcegos. Tudo indica que, por falta de informação e orientação dos setores responsáveis, estes casos não vêm sendo registrados nos órgãos competentes. A orientação é para que quando o morador avistar algum morcego vivo ou morto, informar em imediato a Vigilância Sanitária e nunca tentar captura-los. Rafard também não registrou ataques. O assunto, inclusive, foi tema de palestra na sexta-feira, 4, no evento em comemoração ao Dia do Agricultor, realizado no Bocha do Fávaro, no Sítio Limoeiro. A Divisão de Agricultura de Rafard em parceria com a Casa da Agricultura realizou um encontro de agricultores, que contou com a presença da médica veterinária, Flavia Vasques. Ela falou sobre os sintomas, a importância da vacinação e como devem agir os produtores, em caso de suspeita da doença no rebanho. A raiva é uma doença infecto-contagiosa do sistema nervoso que tem como agente etiológico o vírus Rabdovírus, que acomete predominantemente os mamíferos. Esta infecção viral é fatal em quase 100% dos casos. Após adentrar a corrente sanguínea, o agente etiológico da raiva afeta os nervos, seguindo o curso deste até alcançar a espinha e, por fim, atingir o cérebro. Nos bovinos, a enfermidade representa grandes prejuízos econômicos para o produtor, bem como um grande impacto na saúde pública. O principal agente transmissor do vírus para os bovinos são os morcegos, em especial, o Desmodus Rotundus, além de outras espécies de hematófagos tais como o Diphylla Ecaudata e Diaemus Youngi. Os primeiros sintomas apresentados pelos bovinos infectados são: perda de apetite, inquietação e mudança de hábitos (procuram esconder-se, mantêm-se imóveis ou deitados em um só local). Quando estimulados, os animais apresentam dificuldade em se deslocar, devido à paralisia dos membros posteriores e midríase (dilatação das pupilas).
Vampiricida
Um dos grandes problemas no controle da raiva está na captura dos hematófagos para aplicação da pasta vampiricida, um veneno à base de anticoagulante que é levado para dentro dos abrigos pelos animais capturados. O ideal é que a coleta seja feita durante a noite e com redes armadas próximas à saída do esconderijo, mas nunca dentro. A captura durante o dia e dentro do abrigo é perigosa e quase sempre resulta na subdivisão da colônia. Outro fato que pesquisadores vêm constatando é que o uso da pasta não está eliminando os machos. Verificou-se que o comportamento de lamberem-se mutuamente ocorre entre fêmeas de um mesmo grupo e destas com seus filhotes. Como os machos adultos não participam desta ‘higiene social’ e se mantêm a certa distância das fêmeas, não são atingidos. Os machos são mais importantes para a transmissão do que as fêmeas. A raiva tem vacina, e recomenda-se a aplicação no gado um vez por ano.