Rubinho de Souza

Meus bancos escolares

Estudei, assim como estudaram a maioria dos que nasceram aqui em Rafard, no Grupo Escolar Prof. Luis Grellet onde fiz o primário e depois do “exame de admissão” o ginasial e por fim o colegial no Jeni Aprilante.

Vinha do bairro Padovani a pé e olha que não perdia aulas, mesmo em dia chuvoso, pois o desejo de aprender era maior que a vontade de ficar em casa.

Minha primeira professora foi dona Leonildes Albiero Galvão que lecionava português e o sr. Radamés Assad era nosso professor de matemática. Nosso diretor era sr. Leonardo José Januzzi. Lembro-me até o cheiro dos perfumes que os professores usavam ao adentrarem a sala de aula, e tudo isso me faz voltar no tempo.

Além dos citados, tive outros professores que também me lembro com carinho, os srs. Derly Andreotti e seu irmão Delçon, assim como minha inesquecível professora de música, a Dona Rosinha.

Lembro bem do meu primeiro contato com o alfabeto e com os números, e de quando comecei a praticar a leitura na escola, e que ao chegar em casa, era motivo de admiração dos meus pais, visto que eu lia tudo que encontrava pela frente.

Os livros didáticos sempre foram minha paixão e apesar de muitos se perderem nas mudanças que fiz ao longo dos anos, ainda guardo muitos deles, num armário cheio de muitos tesouros dessa época que tenho aqui em casa.

Os livros literários, entretanto, somente tive acesso, quando passei a frequentar a escola Jeni Aprilante. Lá podíamos ir à biblioteca, e eram disponibilizados muitos livros aos alunos. O primeiro que li foi Iracema de José de Alencar para fazer um trabalho de escola, depois vieram Dom Casmurro, O Alienista, Helena, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Senhora, etc.

Às vezes a gente lia também “As aventuras de Tintim” entre outros gibis de leitura rápida, mas isso quando faltava algum professor, aí a classe toda mandada para a biblioteca, onde passávamos o tempo daquela aula até dar o horário da próxima.

Nunca fui bem nas disciplinas de física e química, mas nas demais, sempre ao final do ano letivo havia “fechado” quase todas as matérias e podia-me dar ao luxo de ir somente às aulas que necessitava de algum ponto para “passar de ano”. Outra disciplina que tive alguma dificuldade foi a de inglês, confesso que nunca me adaptei a ela.

São muitas as lembranças da minha vida escolar, dos colegas dessa época, que numa outra oportunidade, declinarei os nomes deles aqui. Lembro-me de arrumar a bolsa e vestir o uniforme, e da caminhada até à escola, que parecia tão longa. Até hoje lembro do cheiro e gosto dos meus lanches.

Não importa a nossa idade, os primeiros anos de escola, as primeiras experiências com o aprendizado, sem dúvida marcam nossa vida… O nosso primeiro dia, a nossa primeira professora, os nossos primeiros cadernos que eram todos encapados com papel crepon e organizados com etiquetas de cada matéria, causava gostosa sensação por ver tudo arrumadinho e cheirando a novo. O cheiro do livro então, nos é indescritível…

No início, usava somente lápis, e quando passávamos a usar a caneta era uma sensação de haver avançado, como num jogo em que se avança de fase. Lembro-me de quando ganhei uma caneta de quatro cores que era o objeto de desejo de todo estudante, ideal para escrever textos que precisavam de destaque.

Meus bancos escolares
Meus bancos escolares

Quando saiu o lápis tabuada, era uma corrida para conseguir um daqueles, por razões óbvias, mas logo depois proibiram de usar na escola, pois era uma espécie de “cola”.

Alguns estojos escolares eram de madeira, mas alguns tinham recursos interessantes para a época, como era o caso de um que tinha uma tampa deslizante que se escondia como mágica ao enrolar dentro do compartimento onde ficavam os lápis.

Quando surgiram os primeiros apontadores que tinham o seu próprio compartimento para guardar as lascas de lápis apontados, acabou ir ao cesto no canto da sala de aula para apontar o lápis. Tinham aqueles que nem precisavam de apontar seu lápis, mas iam somente para poder conversar ou olhar para outro aluno ou aluna.

Sensação dessa época, foram também as canetinhas hidrográficas com ponta porosa, cada uma de cor diferente que faziam a festa das meninas, enquanto os meninos preferiam a caixa de lápis de cor que vinha com 48 cores, mas que eram restritos a uma pequena parcela de alunos, pois a maioria se virava com a caixa de doze ou vinte e quatro cores.

Outra regalia que os estudantes do primário tiveram nessa época, foi o lápis que tinha uma borracha acoplada, facilitando a correção dos erros nas contas numa prova de matemática, por exemplo.

Enfim, se for escrever neste pequeno espaço todas a lembranças desse tempo que marcou nossas vidas, visto que quase todos nós passamos pelo mesmo caminho para chegar onde chegamos, precisaria de escrever um livro de memórias.

Mas o importante é a marca que tudo isso deixou em cada um, respeitadas as épocas, as limitações do aprendizado. Por mim, posso dizer que se pudesse voltar, não mudaria nada daquilo que vivi e aprendi, queria que fosse tudo igual, pois foram os dias, meses e anos mais felizes de minha vida.

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