Do Fundo do Baú Raffard
Alguém disse certa vez que o que fazemos de boas ações, não precisa ser contado aos quatro ventos por quem o fez, mas sim por quem as recebeu. Mas, como quem fez a boa ação e quem as recebeu não se encontram entre nós, tomo a liberdade de aqui relatar…
Pois bem, o casal da foto José Siqueiros e Iolanda Baldo Siqueiros, quando vieram morar em Raffard, lá pelos anos 60, tiveram dificuldades em achar um imóvel em condições de abrigar a família, cujo motivo desconheço, mas creio que pelo fato de na época, muitas famílias estarem vindo para a cidade, alentadas pelo sonho de trabalhar na usina, e morar numa cidade que estava em crescimento, não tinha casa disponível.
O fato é que a família Siqueiros chegou aqui, e o patriarca da família relatando ao meu pai as suas dificuldades em não ter onde ficar, porque sozinho ele teria como se virar, mas com esposa e três filhos, a situação se complicava, dizia ele.
Meu pai, que na época morava na casa da rua Abolição, onde hoje está o barracão onde funcionou a fábrica de bolachas de Dito padeiro, apesar de sua rigidez na educação dos filhos, tinha um coração de ouro, falou para o “Siqueira” que não se preocupasse, pois, a nossa casa era grande e daria para abrigar mais uma família.
E assim foi feito, a família Siqueiros mudou-se para nossa casa, em dois ou três cômodos que foram separados com guarda roupas, para que pudesse dar certa privacidade a eles, e por muitos anos moramos juntos, como se fossemos uma só família, dividindo o alimento, as brincadeiras, e só separava na hora de dormir.
Depois de uns anos, a família Siqueiros mudaram para uma casa na rua Marechal Deodoro, mas quase toda semana nossos pais se visitavam, e enquanto ficavam na cozinha da casa tomando café com bolinhos de chuva, e batendo papo, nós os filhos ficávamos todos deitados na cama de casal, que naquele tempo tinha cortinado por causa da invasão de pernilongos que tinha na época, onde cada qual contava uma estória ou uma piada, dando muita risada sem ver o tempo passar…
Num tempo onde poucos tinham televisor em casa, o passatempo dos nossos pais era fazer visitas aos amigos, e assim crescemos como irmãos, e assim é até hoje com meu irmão Siqueira, morador da rua Tuiuti, com o David que já partiu antes de nós, a Berenice que mora em São Paulo, e a Míriam e a Zilá que hoje moram na Guatemala, mas mesmo estando longe, estão dentro do nosso coração…
Grato por prestigiar nossa coluna, e pela paciência em nos aturar. Se Deus deixar, semana que vem tem mais. Abraço a todos!
COLUNA de autoria de Rubinho de Souza
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