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Mês dedicado à conscientização sobre o câncer de mama

O mês de outubro é dedicado à conscientização sobre o câncer de mama. A enfermidade que em 2010 foi responsável pela morte de 12.705 brasileiras, recebe um mês especial de ações e merece atenção de todas as mulheres. A cada 10 mulheres diagnosticadas com a doença no país, três morrem, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), órgão do Ministério de Saúde.
A luta contra o câncer de mama tem, durante todo esse mês, atenção especial quanto à prevenção, diagnóstico e tratamento. O movimento busca alertar sobre os riscos e a necessidade do diagnóstico precoce deste tipo de câncer, que é o segundo mais recorrente no mundo, perdendo apenas para o de pele. O seu nome remete à cor do laço que simboliza, mundialmente, a luta contra o câncer de mama e estimula a participação da população, empresas, e instituições públicas.
Iniciado na década de 90, nos Estados Unidos, o Outubro Rosa chegou ao Brasil em 2008 por iniciativa da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama) e já conquistou grande aderência da população.
A capivariana Jusciane Ferreira, de 36 anos, é um exemplo de luta contra esta doença. Confira a entrevista concedida à reportagem do Jornal O Semanário na última semana:

O Semanário – Quando soube da doença e em que estagio estava?
Jusciane Ferreira – Eu estava fazendo o autoexame no banho, quando apertei o bico do seio saiu um líquido pastoso, coisa que nunca tinha acontecido antes. Eu estava com 29 anos. Liguei no consultório do meu ginecologista e a secretária disse que não tinha horário, mas mesmo assim eu fui e fiquei esperando ele me atender. Lembro que saí do consultório mais de 20h. Mas deu certo minha estratégia, pois ele me atendeu, colheu o líquido e mandou para análise e pediu um ultrassom. Depois de feito o ultrassom eu subi toda contente para o consultório dele, pois não tinha dado nada. Foi aí que ele me pediu uma mamografia digital. Foi o começo do desespero, eu não tinha idade pra fazer mamografia, o ultrassom não tinha dado nada suspeito e o resultado da lâmina ainda não tinha recebido.

Semanário Qual reação ao saber do câncer?
Jusciane – Quando eu fiz a mamografia, a assistente pediu pra que eu esperasse na sala ao lado, pois iria levar o resultado embora. Aqueles minutos de espera foram angustiantes, não passavam, e cada vez que a portinha abria eu olhava pra ver se era o meu. Depois de um tempo um senhor me chamou e deu a notícia que eu já estava esperando, mas não queria acreditar. Fui diagnosticada com um nódulo pequeno no seio esquerdo.
Semanário – O que mudou na sua vida naquele momento?
Jusciane – Tudo mudou, eu tinha um trabalho, filha pequena, um marido, tinha uma vida normal. Veio o câncer e foi devastando tudo. Primeira coisa, separei do meu marido, sendo que foi a primeira pessoa que pensei que fosse me dar apoio. Depois veio o período da internação para a cirurgia, em seguida as quimioterapias e junto com as ‘quimios’ a queda dos cabelos, os efeitos colaterais que são muito ruins, depois as radioterapias que são cansativa demais, pois tem que ir todos os dias e fica na máquina apenas 10 minutos. Foram momentos angustiantes.

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Semanário – Como foi o inicio do tratamento?
Jusciane – Foi difícil, pois apesar de já ter tido amigos e parentes com câncer eu nunca imaginei que uma pessoa aos 29 anos de idade poderia ter um câncer de mama invasivo. Sempre os governantes dizem que a mamografia é obrigatória depois dos 40 anos, mas e essas pessoas que tem casos na família? Eu tive aos 29 e graças a Deus tenho um convênio que cobriu alguns exames, mas e se não tivesse, como seria? Esperar do SUS, 6 meses para a primeira consulta, depois mais 3 meses para os exames, e mais uns 2 meses para os resultados e marcar o retorno com o médico pra ver de começar a fazer o tratamento em uma cidade vizinha. Iria levar mais de um ano para o início do tratamento, e isso é lamentável. A doença não espera, seja ela qual for, tem que correr contra o tempo, as filas só aumentam.

Semanário – Qual sua visão da vida? E da sociedade?
Jusciane – Hoje, eu vejo a vida com outros olhos. Com os olhos da alma, pois uma vez que você tem o câncer outras coisas passam a não ter importância pra você. Eu por exemplo quando ficava em casa, era um “saco”, hoje o que eu mais quero é ficar em casa, pois eu passo muito tempo em hospital, entre idas e vindas, internações, cirurgias. Dou muito mais valor nas amizades que tenho, e sempre deixo às pessoas o melhor de mim, e quando saio sempre agradeço pelas amizades, digo mais eu te amo, isso já virou uma marca registrada minha. A sociedade tem que parar de pensar em si própria, tem que enxergar o próximo com mais amor, pois este mundo é muito pequeno e dá muitas voltas. Não somos nada e dinheiro não compra saúde e muito menos felicidade.

Semanário – Pensou em desistir em alguma etapa?
Jusciane – Nossa, muitas vezes pensei em desistir, e a última vez não faz tempo não. Sabe, quando você cansa de tanto tratamento, viver em hospitais e parece que a coisa não dá certo? Pois é, quando eu vejo que meus exames estão ruins, quando tenho que fazer quimioterapia de novo, quando tenho que operar de novo, isso me desanima muito. Mas querer desistir é normal em pacientes oncológicos, pois o tratamento é pesado, as forças parecem acabar. Fiquei 10 dias sem querer ir ao hospital e não fui, queria mesmo parar, mas com a força dos amigos, família, psicóloga eu voltei. Mas como eu sempre digo as pessoas: Todo mundo pode te dar força, mas se você mesma não se der a força que precisa não adianta o mundo inteiro dar força a você.

Semanário – O que não te faz desistir?
Jusciane – De todas as vezes que pensei em desistir e não desisti, foi minha fé que não deixou. Eu sempre disse que eu tive o câncer, mas ele nunca me teve. Eu tenho um foco, que é ver minha filha crescer e se formar, uma força que vem de dentro quando parece que não tenho mais e minha fé inabalável em Deus, pois Ele não me deixaria partir depois de tanta luta, tanto sofrimento.
Semanário – Quais as maiores dificuldades que encontrou nesta batalha?
Jusciane – Tudo é difícil, as ‘quimios’, as ‘rádios’, as cirurgias, as idas e vindas, as internações, porém um momento muito difícil foi quando eu fiquei tetraplégica devido ao câncer. Foi uma revolta muito grande, pois eu tinha entrado no hospital andando para fazer uma cirurgia, durante essa cirurgia entrei em coma e fiquei por 3 meses, quando acordei não mexia do pescoço pra baixo. Foi terrível, na época fiquei quase 7 meses internada, saí de cadeiras de rodas. Pra quem andava e ia pra todo canto sozinha ter que depender das pessoas pra tudo, foi muito complicado.

Semanário – Os médicos deram prazo, e ou disseram por quê?
Jusciane – Teve um momento em que eu estava muito mal, na UTI, entubada, e chegou um dia que os médicos chamaram minha família e disseram que eu não tinha 24 horas de vida, eles ficaram desesperados. Foi aberto a visitação pra quem quisesse me ver pela última vez. Acho que eu nunca recebi tanta visita num prazo de 24h (risos). Depois de 72h eu comecei a reagir, ainda bem que os médicos estavam enganados. Já se passaram 3 anos deste episódio. No final de 2012 eu fiquei muito ruim de novo, e fui para o hospital e lá fiquei internada. Passei o Natal e Ano Novo no hospital, mas tudo tem uma recompensa, estou aqui, viva!

Semanário – Deixe uma mensagem para quem esta passando por este momento e seus familiares.
Jusciane – Não vou dizer que é fácil, pois não é, mas posso dizer que nenhuma guerra é vencida sem passar pelas batalhas. Nós podemos perder algumas destas batalhas, ganharmos outras e até empatar algumas, mas no final só quem é forte ganhará. Quando achamos que não temos mais forças para seguir, respire fundo, pois ainda há uma cinza lá no fundo que pode virar um fogo e você ganhar essa guerra. Já fazem 7 anos que estou nesta batalha, já perdi muitas, ganhei algumas, mas tenho certeza que sairei vencedora. Os familiares tem uma responsabilidade muito grande no tratamento do paciente. Às vezes o paciente não quer se alimentar, não quer falar, quer ficar ali quietinho, às vezes fica nervoso, o que é normal. O familiar tem que entender que o processo é assim. Às vezes o paciente quer apenas um abraço, ou apenas um carinho, não quer conversar, só ouvir. Aprendam a ver o que cada paciente gosta e assim a vida de ambos sejam melhores na convivência.

Semanário – Fale de suas conquistas de conscientização e importância do exame de toque.
Jusciane – Nessa minha luta na conscientização do câncer já consegui algumas coisas, pois quero mais. Esse ano consegui pela primeira vez que fizesse a caminhada Outubro Rosa em Capivari, que será dia 15/10. Fui entrevistada pela Ana Maria Braga, Portal Oncoguia, Espaço Cor de Rosa, Jornal da Cidade, CEON, Altas Horas, Recebi homenagem na Câmara Municipal de Capivari, Rádio Auri Verdi , Jornal Metro, quero cada vez mais levar a população que se o câncer for detectado no início mais chances de cura ele tem, as pessoas tem que tirar esse estigma de que câncer mata.
O câncer não mata, o que mata é a falta de informação e o diagnóstico precoce!

Exames que ajudam a diagnosticar o câncer de mama
Mamografia – Ainda é o melhor método para a detecção precoce do câncer de mama. Por meio dela é possível detectar microcalcificações que muitas vezes são as primeiras indicações de um câncer em fase inicial. A primeira deve ser feita a partir dos 35 anos. Em seguida, a partir dos 40, deve ser realizada anualmente.
Ultrassonografia mamária – A técnica é usada para reproduzir imagens transmitidas por um transdutor que emite e reflete ondas sonoras até a mama. É um método auxiliar da mamografia, somando dados e levando a um diagnóstico mais preciso. É indicada na análise da estrutura de nódulos detectados na mamografia (para se avaliar se são císticos ou sólidos) e na avaliação de mamas com próteses.
Auto-exame – O auto-exame das mamas deve ser feito a partir da primeira menstruação, mas não substitui os outros exames. Ele consiste em a mulher apalpar seus seios na tentativa de identificar alguma alteração. Além disso, ele incentiva que a mulher conheça o próprio corpo. O auto-exame deve ser feito uma vez por mês, logo após a menstruação, e de três maneiras: Durante o banho – Com a pele molhada ou ensaboada, a mulher deve elevar o braço direito e deslizar os dedos da mão esquerda suavemente sobre a mama direita estendendo até a axila. Em seguida, fazer o mesmo na mama esquerda. Deitada – colocar um travesseiro debaixo do lado esquerdo do corpo e a mão esquerda sob a cabeça. Com os dedos da mão direita, a recomendação é apalpar a parte interna da mama. Em seguida, basta inverter a posição para o lado direito e fazer o mesmo procedimento. Diante do espelho – elevar e abaixar os braços em frente ao espelho. Com o movimento, observar se há alguma anormalidade na pele, alterações no formato, abaulamentos ou retrações nos seios.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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