Uma pesquisa recente do CRECISP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo) da região de Piracicaba aponta que cidades do interior, como Rafard e Capivari, são o novo destino dos profissionais que estão em home office, e que, provavelmente, vão permanecer nesta modalidade de trabalho mesmo após a pandemia.
Os dados foram coletados numa pesquisa feita com 27 imobiliárias e corretores das cidades de Araras, Capivari, Leme, Limeira, Piracicaba, Rio Claro e São Pedro, que mostraram um aumento de cerca de 40% nas vendas de imóveis nas cidades do interior de São Paulo.
A pesquisa também mostrou que as casas, que antes perdiam nas vendas para os apartamentos, estão sendo as mais procuradas na preferência dos clientes. Nas cidades pesquisadas, houve um aumento de 50% a 60% nas negociações imobiliárias. Um dos fatores pode estar na preferência por mais espaço e privacidade quando o objetivo é o home office.
Na comparação entre os meses de março e abril deste ano, segundo dados do CRECI, as vendas de casas e apartamentos na região de Piracicaba subiram 11,66%. Deste total de vendas de imóveis nos municípios pesquisados, mais de 70% delas foram de casas.
Na hora de pagar, os financiamentos bancários pela Caixa, como o Programa Casa Verde e Amarela, que substituiu o Minha Casa, Minha Vida, lideram as negociações e representam mais da metade dos contratos.
A pesquisa do CRECISP aponta que só em abril deste ano, mais de 35% dos imóveis adquiridos na região de Piracicaba foram financiados através da Caixa, superando os pagamentos à vista, que ficaram em segundo lugar com 32%.
Capivari
Mesmo com os números otimistas desta pesquisa, o aquecimento no mercado imobiliário com os “olhos” voltados para as cidades do interior, ainda é bem tímido em cidades como Capivari. Pelo menos é o que afirmam profissionais do ramo, que buscam alternativas para superar a crise, que afeta o setor de vendas e locações.
A Imobiliária Roque Imóveis, que já está há 25 anos no mercado de Capivari, faz uma avaliação da pesquisa e deste novo cenário. A corretora Natália Marchioretto Roque afirma que a procura pela compra de imóveis no interior começou a melhorar desde o início do ano, mas ainda num ritmo muito abaixo das expectativas.
“Teve uma pequena melhora na venda de imóveis. Muitas famílias estão saindo da capital em busca de mais tranquilidade e segurança, o que as cidades menores ainda oferecem. Mesmo assim, os impactos de toda esta crise que o país enfrenta ainda são enormes”, comenta Natália.
Para a corretora, um dos motivos que agrava a recuperação no setor é a redução na margem de financiamento de Programas do Governo Federal, como o Minha Casa Minha Vida, hoje Programa Casa Verde e Amarela.
Natália dá exemplos de quanto a redução do valor financiado, determinado pelo número de habitantes de cada município, tem atrapalhado as vendas e novas construções de moradias. Ela relata, que desde as últimas alterações do Governo Federal, em 2019, o número de imóveis financiados, através do Programa Casa Verde e Amarelo, só vem reduzindo, e chegou a cair pela metade.
“Em 2019, o Governo Federal baixou o valor do financiamento que era de R$ 190 mil, para R$ 145 mil, com margem para financiar até 80% deste valor. Na grande maioria dos casos, as famílias buscam o financiamento como única alternativa para a casa própria, e o valor financiado é muito baixo para custear terreno e construção. É uma margem muito pequena, que não ajuda no incentivo da compra da casa própria”, explica.
Outra alteração que acaba por não incentivar o comprador, é o subsídio oferecido através destes Programas de Financiamento da Caixa. O que antes, era um subsídio que podia chegar a R$ 25 mil, hoje fica em torno de R$ 3 mil.
“O subsídio é como um auxílio do Governo para a aquisição do imóvel, mas reduziu tanto, que chega a fazer pouca, ou nenhuma diferença, na hora de financiar”, diz a corretora.
Para o mercado imobiliário, uma das expectativas de recuperação nas vendas de imóveis financiados está no aumento da margem de financiamento do Programa Casa Verde Amarela, e o que pode ajudar para que isso aconteça é a aprovação do projeto, que já está em tramitação na Assembleia Legislativa, que cria a Região Metropolitana de Piracicaba.
“A nossa esperança está na força da união dos municípios, através da Região Metropolitana de Piracicaba. Participar desta Metrópole que está sendo formada, pode ser uma alternativa para o aumento na margem de financiamento do Programa do Governo”, espera a corretora.
