Um pouco mais sobre a mentalidade tribal, devido à sua importância para a nossa família atualmente. Faz 30 anos que o muro de Berlin foi demolido, consequentemente, houve a unificação alemã e a consolidação do capitalismo, o que propiciou esse “yuppieismo” levando alguns desses jovens à egolatria. A tribo dos yuppies, são os jovens da brilhantina, classe bem representada nos filmes de Olivia Newton John e John Travolta.
A mentalidade tribal está na moda, os EUA tornaram-se um polo político, a Grã Bretanha proclama a brexit, os países europeus impedem a imigração, demostrando uma verdadeira xenofobia, o ministro da índia Narendra Modi assina lei discriminando os mais de 150 milhões de mulçumanos, alijando-os do direito de cidadania.
Todos nós humanos procuramos nos associar a grupos, é uma tendência natural: temos um grupo de amigos mais chegados, uma igreja na qual nos sentimos mais à vontade, um clube, enfim enturmarmo-nos numa comunidade de pessoas com objetivos, desejos, crenças e pensamentos afins.
É natural que diversos grupos tenham focos diferentes, assim como as pessoas, individualmente divergem uma das outras em suas opiniões, costumes… No entanto, o tribalismo torna-se maléfico quando um grupo se opõe radicalmente a outros e os tem como inimigos a serem exterminados.
Como exemplo a guerra entre as torcidas do S. Paulo, Corinthians, Palmeiras, Santos, Guarani, Ponte Preta e outros, os ataques anti-semitas e anti-mulçulmanos em vários países, os ataques interpartidários políticos, causando a morte de muitos inocentes.
Dentro de uma igreja, ou no círculo familiar podem formar grupos conforme o status socioeconômico e haver contendas, mazelas ocasionadas por opiniões políticas, ou religiosas. Há tribos considerados, ou considerando-se diferentes: os negros, os judeus, os gays, os tatuados e outros, discriminados, rejeitados quando pretendem participar dos grupos religiosos.
Há denominações religiosas que segregam e fulminam “ad-eternum” aqueles cujo comportamento contrariou suas normas ou mesmo a lei de Deus. Criamos muralhas intransponíveis, construídas pelas ideias, tradições, preconceitos e medos.
Como vencer o tribalismo tóxico? O que a Bíblia e Jesus nos ensinam?
A força que nos torna vitoriosos sobre o tribalismo é o reconhecimento que todos, indistintamente: homens e mulheres, negros, muçulmanos, judeus, travestis, asiáticos, iguais ou diferentes a nós, somos todos humanos, criaturas de Deus, por quem Jesus deu a vida; portanto, todos são amados pelo Criador. Também é bom lembrar que todos somos pecadores e defeituosos, física, moral ou espiritualmente, ninguém é perfeito.
O apóstolo Paulo diz que Jesus Cristo veio derrubar as barreiras da inimizade existentes entre judeus e gregos, circuncidados e incircuncisos, e porque não entre negros e brancos, entre nós e os diferentes de nós? “Ele é a nossa paz” (Efésios 2:14). Cristo não morreu para salvar somente os negros, nem exclusivamente os brancos ou os gays, mas veio para salvar os pecadores (1Tim 1:15), e a todos os que n’Ele creem (João 3:16).
Quando Saulo aterrorizava a Igreja, perseguia, prendia e entregava seus fieis aos verdugos, Ananias, líder da igreja, ao encontrá-lo, “tratou-o como ‘irmão Saulo’” Ver. Adv, 3/2020, p. 23. Nos capítulos 9 até 11 de Atos vemos o Espírito Santo conduzindo Ananias, Pedro, Paulo e outros líderes da igreja “a compreender que diante da cruz há um lugar para todos” (Ibidem). A cruz de Cristo nos une a todos.
A Igreja de Deus não é um clube de elite de pessoas, mas é a porta do céu, como diz o profeta Isaias: “a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos” (Is. 56:7).
Para os exclusivistas enclausurados em bolhas sociais Jesus afirmou: “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, porque fechais o Reino dos céus aos homens. Vós mesmos não entrais, nem deixai entrar os que estão entrando” (Mat. 23:13).
Jesus no Seu ministério terrestre derrubou os muros de separação entre judeus e gentios e apregoou a salvação a toda a humanidade, comunicava-Se livremente com os desprezados samaritanos, comia com eles, dormia sob seus tetos (E. G. White. Atos dos Apóstolos, p 19).
“Ora, o Seu mandamento é este, que creiamos no nome de Jesus e nos amemos uns aos outros” (1 João 3:23). Sigamos as pisadas do Mestre, pois é a senda para o céu!
ARTIGO escrito por Leondenis Vendramim, professor de Filosofia, Ética e História. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal. São de inteira responsabilidade de seus autores.