A arte da reconciliação
Devemos sempre renunciar a alguma coisa. Para se alcançar uma reconciliação é preciso renunciar a alguma coisa. Todos o devem fazer. Mas cuidado, renunciar a alguma coisa que não afete a essência da justiça. Talvez se peça, a quem se tem de perdoar, que renuncie ao ressentimento.
O ressentimento é rancor. E viver com rancor é como beber água já usada, como alimentar-se com as próprias fezes; significa que não se quer sair da pocilga.
Em contrapartida, a dor, que é também outra chaga, é em campo aberto. O ressentimento é como uma casa ocupada, onde vive muita gente amontoada que não tem céu.
Ao passo que a dor é como uma casa de campo, onde também há gente amontoada, mas onde se vê o céu. Por outras palavras, a dor está aberta à oração, à ternura, à companhia de um amigo, a mil coisas que nos dignificam. Isto é, a dor é uma situação mais saudável. Assim mo dita a experiência.
Papa Francisco, in ‘Conversas com Jorge Bergoglio’