A aceitação da diversidade
Um verdadeiro crescimento na consciência da humanidade não pode basear-se noutra coisa senão na prática do diálogo e do amor.
Diálogo e amor pressupõem o reconhecimento do outro como outro, a aceitação da diversidade.
Só assim se pode fundar o valor da comunidade: não pretendendo que o outro se subordine aos meus critérios e prioridades, não «absorvendo» o outro, mas sim reconhecendo como valioso o que o outro é, e celebrando essa diversidade que nos enriquece a todos.
O contrário é simples narcisismo, imperialismo, pura estupidez.
Isto também deve ser lido na direção inversa: como posso dialogar, como posso amar, como posso construir algo comum, se deixo diluir-se, perder-se, desaparecer o que seria o meu contributo?
A globalização como imposição unidirecional e uniformizadora de valores, práticas e mercadorias vai de mãos dadas com a integração entendida como imitação e subordinação cultural, intelectual e espiritual.
Então, nem profetas do isolamento, eremitas localistas num mundo global, nem passageiros descerebrados e miméticos da última carruagem, admirando os fogos-de-artifício do Mundo (dos outros) com a boca aberta e aplausos programados.
Os povos, ao integrarem-se no diálogo global, trazem os valores da sua cultura e têm de os defender de toda a absorção desmedida ou «síntese de laboratório» que os dilua «no comum», «no global».
E – ao trazer estes valores -recebem de outros povos, com o mesmo respeito e dignidade, as culturas que lhe são próprias.
Papa Francisco, in ‘Conversas com Jorge Bergoglio’