Arnaldo Divo Rodrigues de CamargoColunistas

Médico e dono de clínica que fuma

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA

Como aceitar conselho de um médico que bebe e fuma para o paciente deixar o vício? “Ora, mas o problema é seu, que está procurando um especialista”, dirão; o médico vive como quer, apesar de saber dos malefícios de ambos os vícios. Ensina, mas não vive.

Que dizer então da clínica onde você vai levar seu filho ou cônjuge para internar, para se libertar do vício das drogas, e cujo dono ou seus funcionários fumam na porta ou quando conversam com você?

As estatísticas demonstram que quem faz uso de substâncias psicoativas, e consegue deixar a dependência, após tratamento tem um índice maior de recaída se também fuma em relação àqueles que não fumam.

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O exemplo também serve para o convencimento e educação com quem lidamos. Da mesma forma deve ser com aqueles que se propõem a tratar a doença do paciente. Praticar a abstinência. Como ensinar que não devem fazer uso de substâncias psicoativas, se ainda mantêm a dependência pelo cigarro?

O especialista argentino Eduardo Kalina diz que o cérebro nunca esquece a sensação (o prazer) provocada pela droga. E que a recuperação somente se obtém com a abstinência total, inclusive do álcool e do cigarro, para pacientes que tentam se livrar das drogas.

Alguns prejuízos que o uso do fumo provoca, mais comuns, são: tosse crônica, mau hálito e odores desagradáveis, perda da resistência física e imunológica, perda de peso e aparência envelhecida.

Se uma pessoa tenta parar de fumar sem ajuda, entre outros, são observados os seguintes sintomas: dificuldade em se concentrar, aumento de peso, taquicardia.

Rapidamente, vejamos alguns dos benefícios ao parar de fumar:

Após 20 minutos, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal;

Após 2 horas, não há mais nicotina circulando no sangue;

Depois de 8 horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza;

Entre 12 e 24 horas, os pulmões já funcionam melhor;

Passadas 3 semanas, a respiração se torna mais fácil e a circulação sanguínea melhora ainda mais.

Após 1 ano, o risco de morte por infarto é reduzido pela metade;

Entre 5 e 10 anos livre de cigarro, o risco de o fumante sofrer infarto será igual ao de pessoas que nunca fumaram.

ARTIGO escrito por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA
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Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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