26/08/2016
Medalha transformadora
ARTIGO | Futebol masculino nunca foi muito importante em Olimpíadas. A Fifa jamais quis perder a hegemônica Copa do Mundo de quatro em quatro anos e por isso faz o possível para inviabilizar que outra Copa aconteça fora de época. Para o Brasil, porém, sempre valia a máxima de supervalorizar o que não tem. Cinco Mundiais e oito conquistas de Copa América não eram suficientes. Veio a medalha de ouro, enfim. No melhor palco. Contra o melhor adversário. No melhor momento.
A exposição ressentida e amarga dos nossos problemas estruturais no 7 a 1 para a Alemanha na última Copa não será apagada. E nem deve ser esquecida. Devemos lembrar toda hora daquela pancada para ter a consciência do quanto estamos atrasados em inúmeros aspectos. Porém, é preciso ter evidências de que é possível sair do buraco. E uma delas veio nos Jogos Olímpicos.
Neymar foi do céu ao inferno na competição toda e também na final. Jogou mal nos dois primeiros jogos e foi decisivo quando afunilou. Contra a Alemanha, foi importante com sua técnica, noção tática, liderança positiva e gols. Porém, após o final das cobranças de pênaltis, teve o destempero de soltar o clássico “vocês vão ter que me engolir” eternizado por Zagallo que conquistou quatro Copas, e discutiu com torcedores durante a comemoração. O goleiro Weverton, os zagueiros Marquinhos e Rodrigo Caio, além de Renato Augusto, Wallace e Thiago Maia mostraram que em um time minimamente organizado, com um jogo coletivo definido, podem ser muito úteis. Facilita o árduo trabalho que Tite terá daqui para a frente.
Nossos problemas futebolísticos estão longe de serem resolvidos. O comando ainda é controverso, nossos treinadores, de uma maneira geral, ainda pouco se preocupam com estudos e evolução profissional e as categorias de base mais vão no “bumba meu boi” do que seguem uma metologia de trabalho estruturada. Mas todo processo de mudança e de transformação fica facilitado com conquistas, alegrias e resgate de auto-estima. Tivemos isso nas Olimpíadas. Abençoada desnecessária medalha de ouro!