22/04/2016
Marechal Rondon
ARTIGO | Todos ou quase todos conhecemos a história triste de nossos selvícolas, os proprietários legítimos e originais da terra brasileira. Eles foram escorraçados das suas casas, escravizados tanto pelos colonos quanto pelos jesuítas, viciados pelos “civilizadores”.
Em Mimoso, próximo à Cuiabá, Mato Grosso, nasceu Cândido Mariano da Silva Rondon, no dia 5 de maio de 1865, aquele que levou às terras inóspitas e incultas o telégrafo, a via férrea e a integração de vários territórios ao Brasil respeitando os direitos dos índios e conquistando sua amizade.
Quando menino ficou órfão de pai e mãe com apenas dois anos de idade, foi educado pelo avô, seu primeiro professor. Posteriormente foi morar com seu tio Manoel da Silva Rondon na capital mato-grossense. Com apenas 16 anos, ainda um juvenil, diplomou-se professor. Como era muito pobre, só dois anos depois (1883) é que conseguiu matricular-se na Escola Militar, seu acalentado sonho.
Ainda adolescente, tinha em mente, o plano ousado de estender pelo Mato Grosso uma linha telegráfica, que ligasse todas as localidades; mal sabia que por mais grandioso que fosse este objetivo seria suplantado por milhares de quilômetros de benfeitorias. A rede telegráfica se estendeu por todo o Brasil. Isto implicou na exploração de regiões até então desconhecidas e habitadas por índios que eram extremamente hostis aos brancos, mas eram os legítimos donos da terra.
Em 1889 Cândido Rondon concluiu, como Primeiro Tenente, o curso de bacharel em matemática e Ciências físicas e Naturais.
Marechal Manoel Deodoro da Fonseca assumiu como primeiro Presidente da República e como Ministro da Guerra Floriano Peixoto. Havia nesse tempo constante temor de invasões de exploradores estrangeiros, e os houve até nos dias atuais. Eles nomearam comissões para encontrarem soluções e interligar todas as regiões e estados à Capital Federal, na época, o Rio de Janeiro. O Major Gomes Carneiro, dirigente de uma dessas comissões nomeou nosso biografado como seu auxiliar.
Luiz Waldvogel, citando Bandeira Duarte diz que Tenente Cândido Rondon tinha ainda “25 anos de idade, jovem cheio de valor, contando com o respeito e a simpatia de todos os seus chefes e camaradas, Rondon poderia ter recusado o convite, a fim de gozar mais comodamente a sua mocidade. Repelindo, porém as conveniências pessoais, animado pela vontade de realizar o seu grande sonho e amparado pelo estímulo que sua esposa lhe dava em seus patrióticos desejos, preferiu as incertezas das lutas que iria travar no sertão. Lançou-se de corpo e alma à aventura e ao perigo”.
Ao penetrar pelo sertão, Rondon impressionou-se com a situação dos selvícolas que estavam “vivendo como escravos, como inimigos ou como fugitivos” e que como os sertanejos estavam sendo dizimados pelas febres e misérias.
Conta a história que para estender a rede telegráfica de Cuiabá ao Araguaia, a comitiva de Rondon teve de entrar em contato com os índios Bororós. Estes índios, outrora eram pacíficos e amistosos, porém tinham sido atacados e mortos pelos brancos e por isto tornaram-se inimigos figadais. Rondon demonstrou amizade e colocou os Bororós sob proteção do exército e deu-lhes presentes e sentimento de segurança. Assim, com luta perseverante e trabalho, em treze meses conseguiu estender os 514Km de linha telegráfica entre Cuiabá e Araguaia, um feito heroico. Enquanto se estendia a rede do telégrafo ele anotava as características geográficas da região e procurava solidificar a amizade com os íncolas.
Terminada esta tarefa Cândido Rondon voltou para o Rio de Janeiro para continuar seu magistério na Escola Militar. Quanta experiência tinha para tornar vivas suas aulas, contudo, seus préstimos seriam novamente solicitados para continuar a interligar as regiões brasileiras.