Dizer que o futebol é complexo, imprevisível e que análises empíricas, que desprezam o viés sistêmico do jogo, estão ultrapassadas já é chover no molhado. Pelo menos eu há um bom tempo não considero mais o ‘eu acho’. E quanto mais estudo para procurar respostas fundamentadas mais vejo que pouco sei sobre o jogo e mais tenho que estudar.
E caçando respostas – através de livros, seminários, conversas com os mais variados profissionais do futebol e observando diariamente jogos pelo mundo – sobre qual o jeito mais seguro e garantido de vencer não cheguei a conclusão alguma. Frustrante? Depende do ponto de vista.
A palavra ‘depende’ inclusive é a que vai nortear as respostas. E esse depende engloba muitas coisas. O comportamento de um time dentro de campo depende do seu tipo de gestão, sua arrecadação, seu poderio para contratar jogadores e staffs, sua história, a maneira como os grandes feitos foram alcançados, etc, etc e etc. Dá para enxergar claramente que Barcelona e Real Madrid tem maneiras diferentes de ganhar? Ou ainda entender que Manchester City e Leiscester tem maneiras diferentes de agradar o seu torcedor e que ambos podem ser vitoriosos, mas com jeitos diferentes?
É claro que estatisticamente se você tiver mais a posse de bola você vai finalizar mais e consequentemente ter chance de marcar mais gols e ser menos atacado. Porém um time com um orçamento menor, por exemplo, e jogadores mais aguerridos e menos técnicos pode chutar menos bolas no gol e mesmo assim sair vencedor. Não é só o ataque que é a melhor defesa. A melhor defesa também pode gerar um ataque mais eficiente.
Não quero entrar no mérito se é bonito ou não um time se defender o tempo todo, ter vinte por cento de posse de bola e ganhar a partida em um contra-ataque com uma sequência de três passos. O que fica claro para mim é que há inúmeras maneiras de ganhar no futebol. E que tudo vai depender do que você faz com o que tem em mãos. Os profissionais que responderem melhor ao ambiente em que eles estão devem ser os mais valorizados. Independentemente dos títulos que eles tenham conquistado. Afinal, tudo depende.
ARTIGO escrito por Marcel Capretz
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