31/07/2015
Mais do mesmo…ou pior
EDITORIAL | É redundante, mas cá estamos nós, aqui, novamente, falando sobre a atual situação política da nossa região. Infelizmente, fazer jornalismo no interior do estado é naturalmente mais complicado do que em qualquer outro lugar do país. Mas de uns tempos para cá, quando o assunto é poder público está praticamente impossível escrever algo com a devida sustância que se espera. Autoridades municipais generalizam a imprensa como se todas fossem partidárias e não enxergam que O Semanário é plural.
Não acredita? Repare nas capas. Somente nas capas. Não precisa nem olhar o restante se não estiver com paciência. Só para exemplificar, um dia sai prefeito, outro dia opositor, um dia é crítica sobre entulho, outro dia elogios sobre um punhado de roupas arrecadado e doado a entidades ou moradores carentes do município. Tem semana que nem sai sobre política. Apenas boas histórias sobre gente como a gente, que luta para ter o que comer e vestir.
Na faculdade, uma das primeiras coisas que o estudante de Jornalismo aprende é sobre a Lei de Acesso à Informação (nº 12.527/2011). Ela é tão válida para a imprensa quanto para qualquer cidadão deste nosso Brasil, e diz, basicamente, que todo mundo tem o direito de saber tudo o que os governos federal, estadual e municipal fazem. O Portal da Transparência, por exemplo, existe para isso. Ou melhor, deveria servir!
Experimente acessar o Portal da Transparência da Prefeitura de Capivari e tente fazer o download de qualquer nota fiscal que seja. De qualquer informação que consta lá. Você não vai conseguir ou vai ter a maior dificuldade. Sabe por quê?
Porque não tem nenhum documento anexado lá. Apenas números digitados por alguém do Executivo de maneira confusa. É para te confundir mesmo, tá? O que deveria ser explicitada de maneira concisa e clara, se transforma num amontoada de números, códigos e por aí afora.
Agora, se nem lá no Portal da Transparência as coisas são de fato esclarecedoras, imagine você, caro leitor, como funcionam as coisas nos bastidores. É preciso reconhecer que há uns bons pares de meses a comunicação entre jornal e assessoria até que funcionava. Meio capenga, mas caminhava sem tantos ruídos. Caminhava, no passado. Porque hoje nem a gente sabe dizer o que está acontecendo.
É um tal de cerceamento de informações por todos os lados e respostas evasivas como “não temos acesso aos dados do contrato para responder” (Se vocês não têm, imagina nós) que parece até bruxaria. Pior que isso, só quando um mandatário decreta que não vai mais autorizar respostas à redação. Ou quando uma empresa prestadora de serviços públicos que tem o nome envolvido em polêmicas, questionada pela imprensa, desliga o telefone quando o repórter se identifica.
Mas sabe por que essas coisas acontecem e vão piorar a cada dia? Porque em alguns lugares tudo pode. Nada é proibido. As leis só servem para pesar no disco rígido do Legislativo e a população diz amém para tudo e acha que tudo o que o prefeito faz e fala é maravilhoso. Ninguém bota a boca no trombone, todos têm medo de tudo, não pode mexer com ninguém que senão já viu. Uma típica cidade de interior. Que pena.