29/01/2018
Lembranças de minha infância…
Grande parte de minha vida, passei brincando nesse lugar da foto. Lembro-me que eu, Cláudio Pelé, Airton Mineiro, Pacapin, Jôse, chegamos a montar um grande salão entre um desses vagões e a cerca que margeava a Estrada de Ferro da Sorocabana. Cobrimos o chão com cacos de tijolos e a cobertura no alto a mãe natureza se encarregou de fechar com ramos entrelaçados de trepadeira nativa, formando assim uma grande caverna. Era tudo o que precisávamos para poder brincar de “mocinho” e “bandido”, correndo entre esses vagões, e ao dar voz de prisão a alguém que representava o bandido, o mocinho gritava: Vi você! “Teje preso”, e o suposto bandido era levado para a prisão, que era na caverna.
A destreza de moleque, nos permitia subir e descer nesses vagões, como num filme da época, quantas vezes fosse necessário para prender o bandido. Houve uma vez que “os mocinhos” (dentre eles eu) deu a vós de prisão a um dos “bandidos”, se a memória não me trai, foi o Airton Mineiro, sim foi ele mesmo! Gritei: – Airton, vi você, teje preso!
E levamos o pobre do Airton até o álcoolduto, que era um cano que conduzia o álcool de dentro da usina, passava próximo ao varrição em direção aos depósitos de álcool. Lembro que abrimos os braços dele em formato de Cruz e com cipós o amarramos no encanamento.
Ele ficou um tempão amarrado, e depois de reclamar que seus braços estavam doendo um dos “mocinhos” exclamou: – “vamos tirar ele daí. Olha o braço dele tá ficando roxinho”, e assim tiramos o Airton de lá, e fomos juntos beber água, pois, a poucos metros dali, havia um grande olho d’água onde matávamos nossa sede. Uma pena que alguns anos depois essa água tornou-se salobra.
Outra lembrança que me vem à mente, é que atrás desses tanques de álcool, já dentro do pasto, o terreno era muito úmido, um verdadeiro brejo, onde toda a molecada do Bate-Pau ia em busca de reforço para o jantar. Ali colhíamos agrião e ainda caçávamos rãs. Nossa maior alegria era quando um de nós conseguia caçar uma gigantesca rã pimenta. Era só gritaria de comemoração.
Esse prédio em destaque, logo depois de onde vai a camionete, a gente chamava de “barracão” que na verdade era uma grande caixa d’água, que se bem me lembro, a água daí era bombeada para uso nas casas dos diretores da usina e suas dependências, tais como jardins, entre outros. Lembro-me que ali trabalhou por muitos anos o Seo Zé Scrivano e um outro que neste momento me foge à memória.
(Relato feito por Sergio Marreto, lembrando de sua infância e de seus amigos, quando ia brincar no Bairro Bate Pau, na cidade Coração)