10/03/2017
Lealdade zero!
ARTIGO | Aprendi que lealdade é uma das premissas para o estabelecimento de confiança e uma das pedras fundamentais para a verdadeira conexão entre duas ou mais partes. Se alguém sente que o outro não é leal, passa-se a existir uma improdutiva atmosfera defensiva na relação.
Trazendo isso para o futebol, quero colocar luz na relação entre técnico e dirigente. Existe uma real lealdade, fidelidade e confiança mútua? Será que os técnicos hoje realmente trabalham na sua potencialidade máxima, buscando aplicar tudo o que conhecem ou atuam pelo resultado custe o que custar, mais com medo de perder o emprego? Acredito mais na seguinte situação. E isso ajuda a explicar a baixa qualidade do jogo aqui no Brasil. Mais vale ganhar jogando feio do que perder buscando jogar bem.
Vamos ao caso do técnico Felipe Moreira. Jovem, apenas 35 anos, pertencia a comissão técnica fixa da Ponte Preta. Com a saída de Eduardo Baptista para o atual campeão brasileiro, o Palmeiras, no final do ano, Felipe foi “promovido” a treinador da equipe campineira. A torcida torceu o nariz porque queria um profissional mais experiente. Parte da diretoria da Macaca também não viu com bons olhos a efetivação dele, alegando também falta de experiência. Diante disso, os tomadores de decisão evidentemente se abalaram. Vale mais o ajuste político, a relação pacífica e “sem culpa” com o torcedor do que bancar uma escolha. Felipe já chegou caindo. No primeira grande tropeço seria demitido. Como foi. Perdeu nos pênaltis para o Cuiabá, sendo eliminado da Copa do Brasil e foi despedido sem dó nem piedade. Demitido, sem o cargo na comissão técnica que tinha em anos anteriores.
Esse caso reflete o status quo que há no futebol. Se ganha, serve. Se perde, troca-se o mais rápido possível. Ou você acha que se o Santos não engrenar o quanto antes, vão lembrar que em 2015, Dorival Júnior chegou para salvar a equipe do rebaixamento no Brasileirão e levou até a final da Copa do Brasil? Ou alguém tem dúvida que essa lua de mel de Fábio Carille com o Corinthians se sustenta com três derrotas seguidas?
Análise de desempenho, acompanhar evolução do trabalho, ponderar se as condições oferecidas são condizentes com os resultados cobrados, nada disso é verdade. Não há lealdade no futebol. Vença ou fique sem emprego!