15/04/2016
José de Alencar
ARTIGO | José Martiniano de Alencar, filho do Padre José Martiniano de Alencar, político cearense, e de Dona Ana Josefina, nasceu no dia 1 de maio de 1829 em Mecejana, Ceará. Seu pai foi um dos principais na Revolução Pernambucana de 1817; foi preso e depois exilado na Inglaterra; como senador votou pela maioridade de D. Pedro 2º. José de Alencar, o filho passou sua primeira infância na sua terra natal, em contato com a natureza. Viajou aos 9 anos para a Bahia, prendendo em sua mente o cenário que descreveu como pano de fundo para seus romances históricos.
Alguns biógrafos o descrevem como ávido por ler e aprender, inteligente, destacando-se com boas notas, sentimentalista e taciturno, desenvolvia a imaginação prodigiosa. Já, antes dos 13 anos fez as primeiras incursões nas narrativas históricas, marcas de seu tino. Em 1840 esteve nos bancos escolares do Rio de Janeiro, mas mudou-se, com 14 anos, para S. Paulo onde se diplomou em 1850 na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Familiarizou-se com Balzac, Châteaubriant, Vitor Hugo, Dumas e outros renomados escritores. Em 1847, com menos de 18 anos, lançou seu romance “Os Contrabandistas” e em seguida “O Ermitão” e “A Alma de Lázaro”.
Em 1851 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde exerceu a advocacia e militou na imprensa local. Em 1857 escreveu “O Guarani” em forma de folhetins, que eram lidos até à luz de lampião pelas ruas e lhe deu popularidade espantosa, mais tarde foi lançado em forma de livro.
Sua proficuidade foi reunida em três grupos: romances urbanos: “Cinco Minutos” (1860); “A Viuvinha” (1860); “Lucíola” (1862), “Diva” (1864), ”A Pata da Gazela” (1870), “Sonhos d’ouro” (1872), “Senhora” (1875), “Encarnação” (1877); romances históricos: “O Guarani” 1857), “Iracema” (1865), “As Minas de Prata” (1865), “Alfarrábios” (1873), “A Guerras dos Mascates” (1873), Ubirajara” (1874); romances regionalistas: “O Gaúcho” (1870), “O Tronco do Ipê” (1871), “Til” (1872), “O Sertanejo” (1876). O escritor ainda produziu “Verso e Reverso” (1857), “O Demônio Familiar” (1857), “O Crédito” (1857), “As Asas de Um Anjo” (1858) para o teatro e fartas crônicas, cartas, ensaios, estudos filológicos, políticos e poesias. Lembremos que “O Guarani” serviu de inspiração para Carlos Gomes compor sua mais conhecida ópera “O Guarani”. No Rio de Janeiro, em 1854 escrevia a coluna “Ao Correr da Pena”, sobre acontecimentos sociais, políticos e outros. Passou a redator chefe da Secretaria do Ministério da Justiça em 1856, e depois Conselheiro. Concomitante lecionava Direito Mercantil.
Seguindo a linha paterna foi deputado do Ceará por quatro legislaturas, (1861-1877) e ministro da Justiça (1868-1870). Escreveu uma série de “Cartas a Erasmo” (1865-1867) analisando a situação interna do Brasil e travou célebres polêmicas com o intelectual Joaquim Nabuco, procurando preservar a pureza do regime monárquico e a estrutura escravocrata.
Dizem os críticos que José de Alencar escrevia com a linguagem dos brasileiros, diferenciando dos demais que escreviam com a linguagem portuguesa, e cá posso dizer, é de leitura mais agradável que a pesada de Machado de Assis. José de Alencar escreveu movido pelo seu patriotismo, com uma literatura nacionalista consolidando o romance brasileiro, com sentimento autóctone. Ele abriu caminho para que outros também revelassem o Brasil sertanista.
“Ninguém mais representativo… como instrumento de expressão literária, que José de Alencar”, escreveu Augusto Meyer. Machado de Assis o intitulou “Chefe aclamado da literatura nacional” e o escolheu como patrono da Cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras. José de Alencar casou-se aos 35 anos (a noiva 18), teve seis filhos, entre os quais Mário de Alencar que seguiu ao pai como escritor. Faleceu com 48 anos no Rio de Janeiro de tuberculose no dia 12 de dezembro de 1877. Morreu muito novo, mas deixou-nos uma farta literatura demonstrando que a dedicação ao trabalho é uma semeadura que produz boa colheita.