Na conclusão do último artigo vimos que Jesus é o Jeová Todo-poderoso que era, é e virá. Era porque Ele existiu antes (é Deus eterno), o homem Jesus morreu na cruz; é, porque ressuscitou, está intercedendo por nós e permanece vivo para sempre; virá, é uma alusão à volta de Jesus a este mundo, num futuro incerto.
João relatou que Jesus já havia prenunciado a sua volta dizendo aos discípulos para não se preocuparem, pois Ele voltaria a fim de levar aos que n’Ele cressem para morar com Jesus (João 14:1-3). Os evangelistas, Paulo e demais discípulos expuseram a maneira de Sua vinda:
Ele virá de forma visível e corpórea, assim como subiu (Atos 1:9-11). Virá com todo o poder, como “O Elohim Jeová”, envolto em glória, com Seus anjos, tocando trombeta, e à Sua frente reunirão Seus escolhidos (Mat. 24:30-31), dentre vivos e ressuscitados, todos transformados num corpo semelhante ao de Jesus, incorruptível, imortal e glorioso, e os conduzirão ao encontro com Jesus nas alturas (1 Cor 15:51-54; 1Tes. 4:15-17).
Essa promessa foi predita por Enoque (jud. 14), desde então, foi mencionada 1845 vezes na Bíblia. Dos 27 livros do Novo Testamento, 24 deles abordaram a gloriosa mensagem.
O tema (a volta de Jesus a este mundo) é cogitado e debatido no cristianismo há muitos séculos, tanto pelos Pais da Igreja, como por teólogos e comentaristas bíblicos.
Desde Orígenes (185-253 d.C.), filósofo e teólogo, bispo de Alexandria, considerado um dos Pais da Igreja, passando por Euzébio e Santo Agostinho, debateram o tema relevante. Na Reforma de 1500 Lutero, Calvino, Wycliffe, Lacunza, Columbus, John Wesley, fundador do metodismo e muitos outros reformadores aguardavam a volta de Jesus. Os moravianos, albigenses, valdenses, anabatistas e outros movimentos religiosos também ansiavam pelo retorno de Jesus.
William Miller (15/2/1782- 20/12/1849), nascido em Massachusetts – EUA, cresceu num sítio ainda inexplorado, autodidata, casou-se com Lucy Smith, tornou-se escrivão, foi Grão-Mestre da Maçonaria de Vermont, Xerife, juiz de paz e militar, lutou na guerra de 1812 contra os ingleses. Tornou-se deísta, mas insatisfeito e influenciado pelo seu tio pastor, aderiu à denominação Batista, visitando e pregando nas Igrejas.
A volta de Jesus era crença geral e tema contínuo de sermões. Estudioso da Bíblia, Miller descobriu que a profecia dos 2300 anos era um período entre os outubros de 457 a.C. e de 1844 (Dan. 9:24-27 e Esd. 4 a 7). Para isto usou o princípio que nas profecias, um dia é igual um ano, ensinado correntemente, e pelo Abade Gioacchim de Fiore (1145-1208). (ver Num. 14:34; Ez. 4:6)
Miller pregou em muitas igrejas, os mileritas chegaram a dezenas de milhares, vindos dentre metodistas, batistas, congregacionalistas, e outros. A princípio não formaram uma nova igreja, contudo, foram expulsos das igrejas protestantes, porque contrariamente aos pastores, ensinavam que Jesus viria em 22 de outubro de 1844.
O ministro Josué Himes publicou as mensagens e cartazes publicitários de Miller. Muitos ministros e membros das várias denominações juntaram-se ao movimento, como Samuel S. Snow, Tiago White, Ellen G. Harmon.
Expulsos de suas igrejas formaram a sua denominação e adotaram alguns nomes. Passado o dia marcado, Jesus não veio. Muitos seguidores uniram-se aos opositores e aumentaram o grande desapontamento.
Miller e um grupo continuaram estudando e concluíram que em conformidade com a profecia, a data estava correta, porém o fato não se referia à volta de Jesus a este mundo, mas sim à purificação do santuário celestial (Dan. 8:12-14 e 9:24-27). Ou seja, nesse dia Jesus passaria para o lugar santíssimo do santuário celestial a fim de iniciar a purificação ou julgamento.
Miller morreu no dia 20/12/1849 convicto da volta de Jesus, e jamais marcou data. Ele nunca se tornou membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, pois esta surgiu em 1863. A Igreja absorveu algumas doutrinas do Movimento Milerita.