Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo

Jesus, Chico Xavier e o passado

Sim, existe um provérbio: “Águas passadas não movem moinhos”, que já foi transformado em música por alguns compositores e um deles é a cantora Fafá de Belém, que diz: “Eu sempre disse a mim mesma que águas passadas não movem moinhos. Mas a saudade é um rio que vive passando pelo meu caminho”, trazendo muitas recordações.

A letra tem conteúdo, a canção é linda e a cantora tem uma voz cativante.

O que o ditado popular quer expressar é que o passado não pode ser alterado, nem controlado, e deve ser aceito, compreendido, ressignificado em alguns momentos e perdoado, porque esquecer é muito difícil. E o que pode ser pior: aquele que vive do passado acaba não aproveitando o presente e não constrói o seu futuro.

O que move um moinho? Há séculos que o movimento da água é usado nos moinhos. A passagem dela faz mover rodízios de madeira que estão ligados a uma mó (pedra redonda muito pesada). Esta mói o cereal (trigo, milho, cevada, aveia etc.) transformando-o em farinha.

Entretanto, é com o nosso passado que estamos construindo nosso futuro, somos o presidente de nossa vida, e muito do que somos ou passamos nesta existência são reflexos de experiências vividas anteriores, que conduzimos em nosso inconsciente, por bênção de Deus, envoltos em um manto do passado.

Na vida depois da morte, antes de escolher e decidir por novas experiências evolutivas na carne, precisamos adentrar em memórias e fichas/ arquivos do nosso passado para entender e aceitar as nossas provas e muitas vezes resgates e expiações.

O Espiritismo mostra que temos apenas uma vida, a vida do espírito, que busca a perfeição, por determinação de Nosso Pai, mas peregrinamos em mundos materiais em múltiplas encarnações e nossa personalidade atual está vinculada às passagens pregressas.

O reflexo da Lei de Causa e Efeito, ou de Ação e Reação, ou ainda, do Retorno é explicada por Jesus quando diz: “A cada um segundo suas obras” – é Lei Universal e Justa, pois emana de Deus. Dessa forma podemos compreender a ligação que existe entre os dramas vividos atualmente pelas pessoas, pelas famílias, pela sociedade e pelas múltiplas nações que povoam a nossa Terra.

Dizem os Espíritos Sábios que o nosso passado, na realidade, não desaparece, prosseguindo conosco em nossas tendências, preferências, gostos, inclinações, aptidões.

Num programa Pinga Fogo, da extinta televisão Tupi, Chico Xavier conta o drama que passou num avião, diante de um temporal, com medo de morrer, e que gritou desesperado por Jesus – quando o espírito Emmanuel, seu protetor espiritual, surgiu e lhe disse: “Como espírita, se você vai morrer, morra com dignidade”.

O tempo passou e Chico Xavier desenvolveu sua confiança e espiritualidade e um dia chegou a confessar abertamente: “Devemos aceitar a chegada da chamada morte assim como o dia aceita a chegada da noite – tendo confiança de que, em breve, de novo há de raiar o sol”.

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