A doce figura de Esmeralda Rosatto de Carvalho, poeta, mãe, avó – com o seu lirismo – nos surpreende a cada momento, pelo seu vigor e entusiasmo e, mais ainda, por nos brindar com coisas belíssimas como, por exemplo, o seu último livro “Intimidade”, lançado nestes dias.
Falar da professora Esmeralda, de suas lavras e do seu encanto por Capivari e pelas figuras exponenciais desta terra, mormente em se tratando de seus confrades, seria, no mínimo, apenas reproduzir o que corre pelas veias dos que vivem na “Terra dos Poetas”, em elogios à sua nobre arte: a de ser autêntica a todo momento.
A nossa amizade, de há longos anos, permite-nos reverenciá-la condignamente pela sua capacidade de enxergar o mundo na sua visão transcendental, jamais se perdendo em futilidades tão em voga em tempos atuais. Esmeralda irradia aquilo que chamamos de “articuladora da viva-vivida”, notadamente pela sua ímpar inspiração.
Seus trabalhos poéticos, em produção profusa, nos leva, sempre, para as coisas da terra, do nosso meio ambiente, das recordações passadas e do toque suave do amor e da felicidade – contemplados em quase que todas as páginas desta obra que marca um tempo de lirismo nas letras capivarianas.
“Intimidade”, lançado pela Nova Consciência Editora, em esmerado trabalho de editoração, contando com os bons préstimos de André Stênico (capa) e Marco Melo (gráfica e diagramação) é um livro belíssimo, feito harmoniosamente aos moldes de sua autora quanto ao ritmo imposto pela sucessão de poemas soltos, que tem algo especial em sua introdução: o prefácio da nossa querida conterrânea Solange Hoppe Padilha. Interessante é que esta introdução, rompendo com o de costume, é feito em forma de poesia. Uma novidade sensacional que, sinceramente, ainda não havíamos presenciado.
E tem mais: o seu lançamento ocorrido no dia 11 passado, teve calorosa recepção e, com efeito, as suas vendas destinadas às instituições filantrópicas, sociais e de benemerência de Capivari: Casa da Criança e Projeto Teto & Afeto.
Honramo-nos sobremaneira a estar no rol dos amigos da Esmeralda – figura que recebe a todos com especial carinho e atenção – o que lhe dá um tom de grandeza pessoal e de acolhimento, sem medidas, nos deixando a vontade para um momento de “prosa” e de “recordações”.
A Vânia, filha da autora, dá um toque especial na contracapa da obra, falando do entrelaçamento entre Esmeralda e “esmeralda”, dando um fecho que, a bem da verdade, sintetiza esta criatura que tanto tem feito por Capivari e pela sua gente: “Batalhadora, costumeiramente senhora de suas vontades, traz até nós belas linhas em poesia, mostrando que há sim uma língua universal – a do coração”.
Parabéns, Esmeralda, por nos brindar com os seus versos. Parabéns, pois, por tudo o quanto faz! E para ilustrar o seu grande amor por Rafard, sua cidade natal, eis um poema retirado desta sua obra:
MINHA TERRA
Numa tarde assim, pensando em ti somente
minha terrinha amada, de verdes canaviais
começam a desfilar devagarinho, em minha mente,
meus tempos de menina que não voltam mais.
Sempre te amei, terra de minha infância
onde cresci feliz e tão alegre vivi,
metade de minha vida, cheia de fragrância,
de ternura, carinho e onde o amor senti.
Eu te amo assim, a mais singela das terras
e é bonito ver, em tuas tardes repousantes
quando vem o Sol atrás das serras
pulverizar de ouro, teu canavial verdejante.
É como um cromo, nas manhãs claras contemplar
ao sopro da brisa, o canavial ondulado,
e, enfeitando a paisagem linda, sem par
o alto chaminé do Engenho fumegando.
