Um sonho antigo nutrido no coração, assim define Alexandre Jordão sobre a concretização do projeto do Instituto Terapêutico Nova Aliança. “Eu, como pastor da igreja batista Nova Aliança, representando o desejo de nossa comunidade, que por ver a quantidade de famílias que sofrem, e até mesmo têm sido destruídas por causa do uso de drogas, resolvi criar essa comunidade terapêutica para ajudar na recuperação dos dependentes químicos”, contou Alexandre.
Diariamente Alexandre é procurado por pessoas que não sabem o que fazer com esse problema. “Temos tratado muitos casos de maneira indireta sem internação, inclusive com muito sucesso, mas existem muitos casos que sem a internação não é possível alcançar um bom desempenho no tratamento”, afirmou o pastor.
O local para instalar a comunidade terapêutica já está pronto. O antigo pesqueiro “Bicho de Pé”, localizado na vicinal que liga Rafard a Porto Feliz, foi alugado para oferecer o tratamento aos dependentes químicos. O local já está todo estruturado e praticamente pronto, onde foi apenas necessária uma pequena adequação, mas nada muito expressivo.
O sítio conta com uma estrutura bem confortável e grande, com quatro lagoas, salas de jogos, campo de futebol, quadras de areia para vôlei, hortas, etc. O local ainda tem uma cozinha industrial e alojamentos confortáveis para 60 pessoas, mas já existe um planejamento para aumentar a capacidade de atendidos.
O projeto e organização dos papéis para a concretização deste instituto foi demorado. “Organizamos um estatuto social que contemplasse todas as nossas demandas, demos entrada no cartório que demorou cerca de um mês para nos devolver. Em seguida, entramos com o pedido para o número do CNPJ que acabou de sair, agora estamos na fase de conseguir as licenças necessárias”, finalizou Alexandre.
Entrevista
Para esclarecer mais sobre o assunto e viabilizar o acesso dos interessados ao instituto, Alexandre concedeu uma entrevista ao jornal O Semanário. Na oportunidade, ele revelou como será organizado o local, quem atenderá os dependentes químicos e poderá ajudar no tratamento dessas pessoas.
Jornal O Semanário – Como vai funcionar o Instituto Terapêutico Nova Aliança?
Alexandre Jordão – Bem, o “Instituto Terapêutico Nova Aliança” conta com uma equipe multidisciplinar, com psicólogos, médicos, técnicos em dependência química, terapeutas ocupacionais, enfermeiros e personal trainer. O grande problema das comunidades terapêuticas de hoje é não poder contar com esses profissionais, por isso o tratamento fica prejudicado e o índice de recuperação diminui muito. Nosso projeto terapêutico será apoiado por esse conjunto de profissionais proporcionando assim uma melhor recuperação.
Semanário – Existe um tratamento diferenciado por perfil do dependente?
Alexandre – A única diferença é a visão de mundo e de existência como parte do tratamento. Precisamos restaurar no aluno uma visão do Homem que se perdeu com o vício. Ele precisa saber quem ele é no Universo, o que define um Ser Humano, suas buscas, suas prioridade e suas paixões. E para isso precisamos de uma abordagem diferente para o adolescente e para o adulto, uma vez que nosso público alvo será composto de homens de 13 anos em diante.
Semanário – A comunidade vai acolher também os casos de internação involuntária, onde o usuário está num grau muito grave de dependência?
Alexandre – Não, esses casos precisam de outras adequações.
Semanário – Vão ser realizadas atividades para eles, como oficinas profissionalizantes e arte terapia?
Alexandre – Sim, teremos uma ampla gama de atividades em todas as áreas da vida, para prepará-los para a reinserção na sociedade. Precisamos devolver a eles tudo que perderam com a exclusão que a droga promove, eles não possuem horários e nem regras, por isso precisamos ajudá-los a restaurar o relógio biológico e fornecer a eles o preparo para entrar no mercado de trabalho. Parte de nosso desafio é a restauração de todos os valores que se perderam ao longo de suas histórias, família, moral, ética, etc. Esse é o propósito das atividades terapêuticas.
Semanário – Como a comunidade terapêutica vai se sustentar?
Alexandre – Uma comunidade terapêutica que conta com uma equipe técnica e com uma hospedagem digna e alimentação descente acaba custando caro, nosso planejamento é conseguir convênios municipais, estaduais e federais, e também com a iniciativa privada, e tudo que pudermos fazer para dar a essas pessoas uma oportunidade melhor na vida.