10/10/2014
Independência IV
Artigo | Por Leondenis Vendramim
Os EUA, influenciados pelas teorias iluministas, vangloriam-se de ser o povo escolhido e abençoado por Deus para ser o fundador de uma nova ordem mundial, creem que opor-se às suas ideias é opor-se a Deus. O poder corrompeu-os a tal modo que se julgam juízes correcionais do mundo.
Fundamentalismo é uma ideia ou doutrina contrária aos pensamentos cientistas políticos, e filosóficos modernos, a interpretação literal da Bíblia. O conceito era aplicado aos pastores puritanos que repreendiam os colonizadores viciados, hoje significa ideias e crenças nos relatos literais bíblicos sobre a criação, dilúvio, encarnação, volta de Jesus Cristo, na guarda do sábado conforme (Ex 20:8-11). Diz Karen Armstrong: “Fundamentalistas são cristãos que rejeitam as descobertas biológicas e físicas sobre a origem da vida e afirmam que o livro de Gênesis é cientificamente exato em todos os detalhes” (Último Império, p.136).
George Marsden diz que é o evangélico que se opõe à teologia liberal (Bíblia e religião devem ser submetidas à razão e ao criticismo) às mudanças de costumes e aos valores culturais. Fundamentalismo religioso é visto como movimento de resistência à modernidade, um inimigo da Nova Ordem Mundial.
Para os cientistas evolucionistas a religião deve ser mais liberal, e os fundamentalistas são heréticos, sectários, ignorantes cuja influência é desastrosa e um perigo para o mundo, comparados aos terroristas ao Estado Islamita que mata, decapita, estupra. Nesta equivalência, ambos devem ser como disse Obama, “destruídos”. Este conceito, antes restrito aos EUA, está sendo globalizado. O próprio Papa Francisco apelou para que os cristãos não sejam fundamentalistas. Num debate na BBS, a respeito da crença bíblica sobre a volta de Jesus, um pastor declarou-se crente na Bíblia e na volta literal de Jesus com Seus anjos, conforme os livros do Apocalipse, de João e de S. Paulo. Um bispo opositor irrompeu em alta voz dizendo que esse pensamento é fundamentalista e cria problema. Quando o mediador Nick disse: “Mas Bispo, está na Bíblia”. O sacerdote retrucou: “E daí?” Acrescentou: “Paulo errou ao escrever e crer nisso, hoje, a interpretação deve estar em acordo com o criticismo moderno”.
Há poucos meses a Unicamp marcou um simpósio e debate sobre o Criacionismo. Foram convidados um biólogo, um geólogo, um arqueólogo e um físico americano, criacionistas cristãos, crentes nos relatos bíblicos como conferencistas e também alguns evolucionistas. A Universidade cancelou o simpósio porque professores darwinistas alegaram que o criacionismo não é ciência, e sim fundamentalismo. O evolucionismo é ensinado nas escolas do curso elementar, ao superior, sem prova científica, por que não ensinar também o criacionismo? A Folha de S. Paulo trouxe nos dias 18/14 e 2/9/14 artigos “Desvendando Marina” e “Desvendando as milícias marinistas” de Rogério C. C. Leite, professor emérito da Unicamp. Leite mostra sua intolerância aos religiosos. Disse reconhecer a honestidade da Candidata Marina, seu apego à ecologia, a adequação de sua equipe em gestão, mas não pode aceitar que uma declarada criacionista e suas crenças religiosas fundamentalistas assuma o governo do país. Não discuto religiosidade, nem política partidária, porém isto é preconceito e crime. A Constituição, Cap. I, Artº 5º diz: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza…” No item VI: É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma de lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias. Os EUA guerrearam contra o Iraque à revelia da ONU, apesar dos Direitos Humanos, assinados por eles, usaram de atrocidade contra os filipinos, e apesar de sua Constituição perseguem fundamentalistas pacíficos devido à sua crença. Não admira que o mundo, apesar de sua “civilizada” cultura e Constituição, futuramente, como predito pela Bíblia, faça uma nova inquisição imoral. Deus nos proteja!