03/10/2014
Independência III
Artigo | Por Leondenis Vendramim
Neste espaço comentaremos sobre dependência científica e religiosa. Pode a religião escravizar? A religião institucional sim, mas a religião pessoal que liga a Deus, que transforma o caráter, liberta o homem de seus temores, desaliena em todos os aspectos, promove a liberdade. Pode a ciência escravizar? A verdadeira ciência é aquela cujo conhecimento é comprovado e pode ser repetido várias vezes com o mesmo resultado empiricamente, ou por meio de documentos incontestáveis. Esta não escraviza, não tolhe, não aliena, pelo contrário promove e liberta. Contudo a pseudociência sujeita, escraviza. O pseudocientista isto é, aquele que pensa ter conhecimento, embora sem comprovação, submete e exige que os demais aceitem sua teoria como se ciência; critica, ironiza, persegue e humilha todos aqueles que pensam diferente.
Como vimos no artigo p.p. deste “O Semanário” a Constituição norte-americana, os Direitos Humanos de 1948 e de 1966, baseados nos princípios iluministas da Revolução Francesa exaltam a liberdade, igualdade fraternidade. Belos princípios, quem não os apoiaria? No afã de corrigir a sociedade, que certamente era corrupta, os jacobinos, que mais defendiam a igualdade e fraternidade, liderados por Robespiere, Marat e Danton entre 1792 e 1794 enforcaram e guilhotinaram reis, sacerdotes e cristãos, mais de 27 mil pessoas, tingindo com sangue o rio Sena, em Paris. Contra a horda de reis e sacerdotes, pretensos corretores tornaram-se sanguinários, insensatos e cruéis. Como se aviltaram os “sábios impolutos”!
Os iluministas e maçons americanos que lutaram pela independência dos estadunidenses preconizaram a liberdade, creram, desde Cristóvão Colombo, serem embaixadores eleitos de Deus para implantar a liberdade no Mundo. Assim se declaram seus historiadores, líderes políticos e cientistas, e assim retratam-nos seus filmes, seu selo oficial e sua bandeira; sua Constituição é considerada tão sagrada quanto a Bíblia. Seu dinheiro é pleno de simbolismos místicos que lhes revelam serem superiores aos demais povos. R. Reagan e G. W. Bush citavam as declarações de Peter Bulkley: “… o Deus de Israel está conosco, 10 de nós resistirá a1000 inimigos. O Senhor nos fará exemplo de glória… somos uma cidade sobre a colina”; de D. Boorstin “Somos um farol para iluminar o Mundo. Opor-se aos EUA é opor-se a Deus. Deus nos escolheu para implantar uma nova ordem mundial”; e de Thomas Paine: “Cabe a nós refazer o Mundo… o nascimento de um novo Mundo está próximo”. G. Washington é considerado o Moisés americano. Os líderes da luta pela independência foram endeusados, suas imagens colocadas no panteão na Black Hills. Todos os seus inimigos e oponentes: índios, ingleses, Mussolini, Hitler, os países com os quais entraram em guerra, Bin Laden, Saddhan Hussein, são olhados como inimigos do bem, fundamentalistas. Depois do ataque às torres World Trade Center, o Al Qaeda, e o Estado Islâmico passaram a serem fundamentalistas terroristas. Os conceitos desses vocábulos são equivalentes. Os filmes americanos sempre mostram as ações dos “bandidos” e fundamentalistas, dignos de morte e crueldade, validando a ação de seus heróis nunca derrotados e dignos de louvor.
Com os iluministas norte-americanos ensinam teorias contrárias Deus e contra religião: racionalismo (a razão é o deus que resolve tudo, traz a paz, saúde e longevidade, aperfeiçoa e desenvolve a humanidade), deísmo (Deus criou, mas alheio, nada tem a ver conosco nem nós com Ele), o criticismo bíblico (a Bíblia deve ser aprovada pela razão e pela ciência dos homens), o evolucionismo (os seres vivos surgiram e se evoluíram de uma ameba unicelular por acaso). Os filmes de cowboys, geralmente retratam os puritanos (pastores protestantes) ridicularizados e conceituados como fundamentalistas, cujas “idéias tacanhas” não coadunam com as suas, são inimigos dos “mocinhos”.
Contrariando os ensinos de Cristo, em vez de amar os inimigos eles os destroem. São os iluminados.