19/09/2014
Independência II
Artigo | Por Leondenis Vendramim
O tema independência é mais importante e oportuno do que podemos imaginar. Desde o tempo do colonialismo quando os países europeus (Bélgica, Inglaterra, Portugal, França…) para o desenvolvimento de suas indústrias, tomavam as terras de nações africanas e asiáticas, escravizavam suas gentes, cortando-lhes, orelhas, nariz, pés e mãos, daqueles que produziam menos do que lhes era ordenado – em plenos anos de 1950 a 1960. Hodiernamente, apesar das legislações contrárias, ainda há escravidão para satisfazer a gana do ventre insaciável dos “civilizados industriais”. A dependência política de países subservientes pela ignorância, ou pela miséria, ou pelo militarismo, ou por tudo isto somado, não difere da submissão individual. Hoje, no mundo há aleatórios por questões financeira, científica, cultural, idearia, política, religiosa, social, psicológica, autoconsciência e outras.
Enfatizando o que escrevi no último artigo, a liberdade traz intransferíveis deveres. O trem só é livre enquanto viajam nos trilhos. Os planetas são livres enquanto obedecem as leis da gravidade e da mecânica. O humano é independente enquanto obedece às leis do Estado. Temos o direito de voto desde que preenchidos os requisitos legais. Não olvide o leitor, direitos trazem atreladas as consequências. Temos o direito de votar, mas seremos governados por quem elegemos, o arrependimento pode ser tardio demais. Quem pratica o direito do livre arbítrio, colhe os frutos das boas e das más ações. O que vende seu voto não é digno do preço recebido. Quem pactua com o mau torna-se servo do mau (ver Rom 6:16). Cuidemos para não sermos servos de maus políticos. Todos devem porfiar por alcançar conhecimento e cultura que possibilite ser independente por sua escolha pessoal. Triste é a vida da pessoa alienada pelo imaginário de pessoas que se julgue superior. Pode até mesmo sofrer tortura psicológica. Conheço o caso de uma jovem que foi internada como incapaz mental e alijada de seus direitos de herança pelo irmão ascendente social e culturalmente, e, casos de pais idosos alienados, ilegalmente, por filhos dos seus direitos de receber sua aposentadoria e até de ir e vir. Pais, que não se esforçam pela boa educação de seus filhos, tornando-os futuros alienados, infelizes e inconscientes servos dos vícios, dos crimes e das gangues.
A declaração de Morelia, de 1975, é um documento conclusivo do 1º Simpósio Nacional de Filosofia, em Morelia, Michuacám, México, sobre os direitos internacionais das nações e dos homens. Foi um esforço para conscientizar políticos e leigos sobre o perigo da alienação e subserviência de âmbito nacional ou individual. Foi uma voz proclamando contra “a aceitação pelas elites intelectuais de países dependentes de modelos de desenvolvimento social proposto e imposto pela metrópole, ou que é mesmo formas de alienação gerada pela razão de dependência”. O documento mostra uma filosofia libertadora dos países chamados “Terceiro Mundo”, uma crítica à história e à ideologia dos mais ricos, e ao aceite pelo 3º Mundo a alienação, conformando-se com a estagnação, repressão e tolhimento do seu povo, opondo-se à emancipação econômica, política e cultural. (O documento de Morelia foi preparado por vários filósofos da América Latina).
O filósofo Karl Jaspers (1833- 1969) diz: “Mal podemos acreditar no filósofo a quem tudo deixa indiferente… somente o impulso ascendente nos liberta das perturbações anímicas. Temos, pois, que nos arriscar a ser homens e, enquanto homens, fazermos o que pudermos para alcançar a independência conquistada… abalados, mas nunca completamente derrubados…”
O profeta Isaias (61:1) diz que Cristo veio a este Mundo para libertar os quebrantados de coração, os cativos do pecado. Em Gálatas 5:1, S. Paulo afirma “Para a lei da liberdade foi que Cristo nos libertou… não vos submetais de novo a jugo de escravidão”. O cristão deve lembrar que é filho do Rei e só a Ele deve a vida, somente dele pode ser servo.