12/09/2014
Independência I
Artigo | Por Leondenis Vendramim
Escrevo neste dia da Independência do nosso Brasil, proclamada por D. Pedro I, às margens do córrego Ipiranga, próximo ao Museu, num sábado, às 15h15min. Pedro Américo de Figueiredo e Mello pintou o quadro alusivo de modo eufórico, retratando com sua maestria e dom artístico, que Deus lhe dera (e conquistara na Academia Imperial de Belas Artes, e na França). O quadro que se encontra no Museu do Ipiranga mostra D. Pedro empinando com bravura e galhardia um corcel, e com inenarrável heroísmo bradando “Independência ou Morte”. É emocionante. Revela mais o sentimento de patriotismo e ufania do autor, e de sua época do que a realidade. D. Pedro vinha de Santos cavalgando uma mula, subindo penosamente a serra do Mar, suado, empoeirado, parou à margem do riacho de águas límpidas para se refrescar (talvez até por necessidades fisiológicas). Ali recebeu missivas de Portugal impelindo-o a voltar para a Europa, e outras o incentivando a proclamar a nossa libertação. Os políticos de 1780 até 1930 sofreram forte influência dos maçons iluministas franceses e norte-americanos. A Inconfidência Mineira, a Independência, a Abolição da escravatura, a República e outros foram movimentos maçônicos pelo seu idealismo de liberdade, igualdade e fraternidade. Todas as independências dos países sul-americanos foram promulgadas pelos maçons sob as mesmas influências.
Vamos filosofar um pouco sobre Independência. O vocábulo significa que não depende de outro, livre de sujeição moral, afetiva, social, política, senhor de si, alforriado, senhor de seus próprios atos.
Aristóteles achava que os filósofos deviam governar a sociedade e os analfabetos e prisioneiros perdiam o direito de serem livres pela falta de capacidade emancipacional. Para John Locke (1632-1704) todos os homens nascem livres e independentes. Essa liberdade acaba quando o indivíduo desrespeita a liberdade dos outros, tornando-se digno de punição e até de extermínio. Os escravos eram exceções, não eram considerados homens comuns e cidadãos. Os pensamentos de Locke foram defendidos pelos filósofos iluministas franceses que passaram a proclamar a liberdade, igualdade e fraternidade, aderindo-se aos maçons. A Constituição dos EUA diz que “…todos os homens foram dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, entre estes estão a vida, a liberdade e a busca pela felicidade”. A Revolução Francesa, a Constituição dos EUA, os Direitos Humanos e outros movimentos libertários foram embasados nos princípios iluministas. A ONU estabeleceu os Direitos Humanos, em 1948, afirmando que todos os homens nascem livres e iguais em direitos e dignidade, e que a liberdade deve ser garantida a todos sem discriminação de raça, cor, sexo, língua, opinião política ou religião. São incluídos os direitos de liberdade de expressão e consciência, de movimento, de reunião, de associação pacífica, de trabalho, de padrão de vida adequado, de educação e de cultura. Em 1966 a Assembleia Geral das Nações Unidas tornou esses direitos internacionais com força legal.
Deus dá a toda humanidade, sem quaisquer distinções, o direito de livre arbítrio. Todos, unanimes, filósofos, cientistas, estadistas, teólogos e o próprio Deus, estabelecem que somos livres para escolher entre o bem ou o mal, mas não temos a liberdade de escolher as consequências dos atos ilegal e imoral. Todos os direitos trazem atrelados os seus deveres. A liberdade vem sempre acompanhada da responsabilidade. O ser humano é livre quando tem consciência e capacidade para se integrar e conviver em sociedade, respeitar os direitos de outrem e exercer seu direito de vida plena. O direito de independência pode exigir acordos, entendimento, trabalho altruísta, e, até sacrifícios pelo bem estar próprio e comum. A liberdade pode requerer lutas contra o eu, contra a imoralidade e ignorância, que prostram, degeneram, escravizam e tolhem. Deus nos aconselha: “e conhecereis a verdade e a Verdade vos libertará”. “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” João 8:32,36.