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IBBX aperfeiçoa ‘fórmula mágica’ para energia sem cabos

O técnico em eletrônica Vanderley Gonçalves trabalha diariamente em uma pequena sala que fica localizada na sede da IBBX – um prédio de 500 metros quadrados em Capivari, no interior de São Paulo. É lá que Cazuza, como é conhecido, testa equipamentos elétricos que funcionam mesmo distantes das tomadas e sem o uso de baterias.

Cazuza foi um dos primeiros funcionários da IBBX, startup que já captou mais de R$ 65 milhões com fundos como Alexia Ventures, Indicator Capital e DGF, além do Finep, uma agência pública de fomento à inovação criada pelo governo federal, CV Idexo (o CVC da Totvs) e a Citrino Gestão. Entre os investidores-anjo estão Carlos Degas Filgueiras (da família fundadora do Hotel Emiliano) e André Penha (cofundador do QuintoAndar).

Fundada em 2016, a IBBX nasceu a partir do plano de Luis Fernando Destro de transmitir energia elétrica pelo ar através de ondas eletromagnéticas de baixa frequência. O engenheiro mecânico natural da pequena cidade de Mombuca, distante 150 km de São Paulo, rascunhou uma fórmula científica para transmitir eletricidade de um ponto ao outro sem o uso de cabos.

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A aplicação prática desta fórmula permite que alguns equipamentos já possam funcionar longe das tomadas e das baterias. São pequenas lâmpadas e até carregadores de relógios inteligentes. O desafio agora é conseguir transmitir a energia para dispositivos mais robustos e que demandam uma carga maior.

A resolução deste problema pode permitir, por exemplo, a recarga de smartphones e o funcionamento de eletrodomésticos sem fio. O problema é que a transmissão de energia pelo ar só é considerada segura para a saúde humana em baixas quantidades – e insuficientes para aparelhos maiores.

Estudos realizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) alertam sobre os riscos causados pelas ondas eletromagnéticas. Em 2009, o governo brasileiro criou uma lei para limitar a exposição populacional aos campos elétricos e magnéticos associados ao funcionamento de sistemas de energia elétrica.

Luis Fernando Destro, CEO da IBBX Capivari (Reprodução/Esginside)
Luis Fernando Destro, CEO da IBBX Capivari (Reprodução/Esginside)

Para driblar este impedimento, Destro acredita que a solução pode ser trocar a potência por disponibilidade. Em vez de apostar em um único ambiente com fortes ondas eletromagnéticas, uma saída pode ser conseguir fazer com que as ondas inofensivas à saúde estejam disponíveis em vários lugares.

“Imagine só que você está em casa e seu smartphone já está sendo carregado desta forma. Aí você vai no mercado e ele continua sendo carregado”, diz o empresário.

Por ora, a tecnologia ainda não mostrou resultados práticos para a companhia em relação à ganhos financeiros.

Até por isso, a IBBX reformulou nos últimos anos o seu modelo de negócio para apostar em outra vertical: a transmissão de dados por baixa frequência.

 

Transmissão de dados

A ideia é utilizar um protocolo semelhante (também com base em eletromagnetismo) para fazer comunicação de um ponto ao outro e a transferência de dados. Nesta vertical, a companhia já conseguiu conquistar clientes como Unilever, Votorantim e Braskem.

O que a startup faz é fornecer pequenos equipamentos que podem medir dados como temperatura e vibração de diferentes máquinas. Essas informações, então, são transmitidas para um terminal que faz o upload para a nuvem. Todos os registros são acessados por um software próprio da IBBX.

A coleta dessas informações pode ajudar companhias a prever problemas em seu maquinário. Uma esteira cuja temperatura está sendo elevada além de sua capacidade pode apresentar problemas e, assim, travar a fabricação de um determinado produto, gerando ruptura e gastos com a reposição da peça.

Bruno Rocha, CFO da IBBX, diz que a economia das empresas pode ser de até 1.000 vezes o valor investido para utilizar a solução. Um case de sucesso da empresa é o da Unilever. Em um ano, a startup aumentou sua receita recorrente mensal com a operação de R$ 8 mil para R$ 100 mil. São cinco fábricas e mais de 2 mil equipamentos comprados.

As indústrias não são as únicas atendidas pela companhia. A IBH Serviços e Participações, empresa ligada ao Grupo Pátria, que presta serviços para concessionárias de rodovias, já utiliza a solução para transmitir dados a partir de postes elétricos. “Já instalamos em mais de 2 mil postes e o contrato visa fazer isso em 60 mil pontos”, diz Rocha.

O IBH também acelerou a expansão internacional da startup de Capivari. “É um grupo que já tem concessões na Colômbia, o que vai significar a nossa primeira operação internacional de fato”, diz Rocha. Isso deve acontecer já nos próximos meses. Antes disso, a companhia só havia saído do Brasil para auxiliar em negócios da Fitesa nos Estados Unidos e na Holanda.

A precificação detalhada da IBBX envolve a venda dos equipamentos e uma assinatura. No caso da Unilever e de operações semelhantes, Rocha diz que os equipamentos custam até R$ 600 para serem adquiridos. Já a mensalidade da assinatura sai por R$ 150 por cada transmissor conectado ao maquinário. Os preços variam de acordo com a aplicação e o cliente.

Ainda que a receita venha de duas frentes diferentes atualmente, a IBBX vislumbra no futuro se tornar uma empresa mais asset light, ficando mais responsável pelo desenvolvimento da tecnologia e não pelas vendas – que seriam feitas por revendedores.

Tudo isso vem sendo trabalhado em um prédio relativamente simples que fica há quase 2 horas de São Paulo. Ao menos por ora. A IBBX planeja mudar sua sede para Jundiaí. “Queremos estar mais próximos dos grandes executivos, investidores e da capital”, afirma Destro.

Notícia escrita por Rodrigo Loureiro e extraída no portal Startups.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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