17/10/2014
Horário de verão começa neste domingo
Apesar de duração maior, medida prevê economia 30% menor do que no ano passado
NACIONAL – Começa à zero hora deste domingo, 19, o horário de verão. Moradores de dez estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste mais o Distrito Federal devem adiantar os relógios em uma hora. Serão 126 dias, sete a mais do que no ano passado. Porém, a previsão de economia é 30% menor, cerca de R$ 278 milhões. A diminuição, segundo o Ministério de Minas e Energia, se deve à falta de chuva e grande utilização de energia térmica.
O diretor de operações da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), Marco Antonio Villela de Abreu, explica que a adoção do horário especial durante o verão contribui com a capacidade de fornecimento do sistema elétrico do país, ou seja, com dias mais longos há mais tempo de luz solar, o que diminui o consumo de energia nos horários de pico (entre 18h e 21h) e, consequentemente, alivia a pressão nas usinas termelétricas, que são aquelas movidas por combustíveis como gás, óleo e carvão.
“Com o horário de verão, há deslocamento nos horários em que o consumidor faz uso da energia elétrica, pela mudança de hábitos na população e pela entrada tardia da iluminação pública no sistema. Em vez de acionar os eletrodomésticos em casa, uma parcela substancial da população opta pelo lazer ao ar livre, porque a iluminação natural perdura por mais uma hora, sinalizando aumento na qualidade de vida”, diz Abreu.
Somente na área de atuação da CPFL, que consiste em 234 cidades, estima-se redução na ordem de 0,46% no consumo de energia. “Essa economia alcançará 52.230 MWh, volume suficiente para atender uma cidade do porte de Campinas, com 1,1 milhão de habitantes, durante cinco dias”, acrescenta.
Nos últimos dez anos, houve redução média no país de 4,6% no intervalo noturno de maior consumo. Em 2013, o horário de verão foi de 20 de outubro a 16 de fevereiro e gerou economia de R$ 405 milhões, de acordo com o Ministério. Desta vez, a mudança na data do término da medida (dia 22 de fevereiro) foi implantada para não coincidir com o carnaval, situação que poderia causar confusão caso as pessoas, ao estarem distraídas se divertindo, se esquecessem de reajustar os relógios.
Segundo Abreu, o horário de verão é adotado em mais de 30 países e aprovado por parte da população, consciente de que, com a alteração de hábitos cotidianos, pode alcançar bons resultados. “O início de mais um período do horário de verão deixa a lição de que com pouco esforço é possível obter mais qualidade de vida e soluções que beneficiam uma coletividade.”
Para dormir bem
Apesar de conviver rotineiramente com a medida desde 1985, boa parte da população ainda sente os efeitos da mudança do horário de verão. De acordo com o neurologista Shigueo Yonekura, especialista em sono pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a mudança pode provocar desequilíbrio no relógio biológico e o período de adaptação pode ser rápido para alguns e lento para outros.
“A adaptação costuma levar de três a sete dias”, comenta Yonekura, que também é médico do Instituto de Medicina e Sono de Campinas e Piracicaba. Segundo o neurologista, o horário de verão pode causar sonolência, cansaço, dor de cabeça, irritabilidade e falta de atenção, sintomas que podem ser driblados por meio de uma adaptação que deve começar alguns dias antes da mudança. “Deitar e acordar alguns minutos mais cedo ao longo da semana pode ajudar”, reforça.
Yonekura explica que exercícios físicos também são aliados do sono, desde que realizados com moderação e até três horas antes de dormir. Quanto à alimentação, a dica é evitar alimentos pesados à noite, além de café, chá preto, refrigerante, chocolate e demais produtos que contenham cafeína.
Outra orientação antes de dormir é tomar banho morno e não levar problemas e preocupações para a cama. O bom ambiente para o repouso também envolve local silencioso, escuro e arejado. Filmes ou programas de TV estimulantes devem ser evitados. “Prefira leitura e música calma para ajudar a embalar o sono”, completa o especialista.