Tenho grande facilidade, em qualquer lugar que vá ou esteja em fazer amizades com as pessoas que encontro casualmente, até mesmo na rua. Fico observando as pessoas que acho interessantes e fico me perguntando quem é aquela pessoa no meio da multidão que chama a atenção, se destacando das demais e se tiver oportunidade, abordo a pessoa e puxo conversa, nem que seja para trocar meia dúzia de palavras sobre qualquer assunto.
Feito o introito acima, quero contar-lhes que, um dia desses estando em Capivari, uma chuva forte me apanhou desprevenido, e fui ao Espaço Bianchini esperar que ela desse uma trégua.
E, lá, fiquei a observar algumas pessoas que a mim pareceu estarem lá pelo mesmo motivo. E não é que uma delas em especial me chamou a atenção, um senhor, que mesmo aparentando estar perto dos seus 80 anos, mostrava muita vitalidade, olhos atentos a tudo e a todos, degustava um sorvete.
Me aproximei e lhe desejei uma boa tarde, ao que ele respondeu num tom alegre e a partir daí começamos a conversar como dois velhos amigos, tal foi a receptividade do meu interlocutor.
Ao perguntar quem era ele, me respondeu, sorrindo, que nem mesmo ele sabia mais quem era, pois quando era jovem, diziam ser ele “o filho do Sr. Luís.” Mais tarde quando foi jogar no Palmeiras, diziam: Ah! Você é aquele jogador do time do Palmeiras! E mesmo tendo acabado de conhecê-lo, embora já tivesse ouvido falar dessa pessoa magnífica, estava ele me contando sobre sua vida.
Disse enfim, às gargalhadas, a Nestlé lhe fez uma homenagem, dando seu apelido – LOLO – que carrega há décadas a uma linha de chocolate. Agora – me disse ele rindo muito – depois de velho, virei chocolate.
Bem, aqueles que o conheceram, sabem que estou falando a verdade, ou para ser bem honesto, parte dela – porque se fossemos fazer uma biografia completa da vida desse rafardense que insistem em dizer que é capivariano, este espaço não comportaria, pois daria um livro.
Nascido em 05 de junho de 1937 na Fazenda São Bernardo, em Raffard, quando nossa cidade era distrito de Capivari, João de Simoni Soderini Ferracciú é 9º filho de Luís e Erothides Ferracciú, casado com Lúcia Helena e pai de Andréa, Mirella e Giancarlo.
Fez o primário no Grupo Escolar Augusto Castanho, o secundário, na Escola Normal e Colégio Estadual Honorato Faustino, todos em Capivari e completou este ensino médio no Colégio Presidente Roosevelt, em São Paulo, onde fez o famoso e concorrido Curso Clássico.
Em 1964, concluiu o curso de Propaganda na Escola Superior de Propaganda e Marketing. João De Simoni Soderini Ferracciù foi o principal executivo nas atividades de Marketing, Vendas e Comunicações Multidisciplinares na Willys-Overland, Ford, Chrysler e na agência de propaganda J. Walter Thompson, de onde saiu para fundar o Grupo De Simoni Associados, constituído por sete empresas, considerada a maior organização de marketing promocional do Brasil e da América Latina.
Conferencista internacional, era considerado o “Pai da Promoção no Brasil”, com uma vasta formação na área da Publicidade e Propaganda, pelo pioneirismo nas atividades de Marketing Profissional no Brasil.
Um dos membros fundadores da Academia Brasileira de Eventos e Turismo, acadêmico-Fundador da cadeira nº 04 e membro da Academia Brasileira de Marketing, com mais de 10 prêmios conquistados, autor do livro “Promoção de Vendas – 40 anos de teoria e prática”, publicado em 1999 e convertido em 2007 para o título “Marketing promocional – a evolução da promoção de vendas” pela Makron Books, e co-autor da obra Gestão de Marketing, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Torcedor fanático do Palmeiras, defendeu seu time do coração como jogador entre os anos de 1957 a 1959, na categoria profissional. Mais tarde tornou-se dirigente, exercendo o cargo de Diretor de Planejamento do clube, de 1971 ar 1975.
Infelizmente esta semana, nosso amigo Lôlo nos deixou…
Tive o privilégio, como relatei no início, de ser agraciado pela chuva providencial para conhecer já no limiar da sua trajetória, um ser humano ímpar, que partindo desta vida, partiu também os corações, tanto de nós rafardenses, como dos capivarianos, por tudo que foi e representou, pelos seus feitos que ficarão para sempre guardados em nossa lembrança, cujos exemplos devem ser seguidos e passados às futuras gerações.