06/05/2014
Ginásio de Esportes Antônio Cerezer é demolido
Prédio foi derrubado pela prefeitura na última semana; espaço estava abandonado desde 2007
RAFARD – O Ginásio de Esportes Antônio Cerezer, situado no Centro Esportivo Reinado Fontolan (Cepar), foi demolido pela prefeitura na última semana, sem aviso prévio à população. Inaugurado em 2004, foi aproveitado durante dois anos e, devido a um processo judicial, em 2007 ficou impedido de ser utilizado e estava abandonado desde então.
No lugar do ginásio, quem foi até o Cepar na quinta-feira, 1º de maio, para participar do evento em comemoração ao Dia do Trabalhador, se deparou com entulhos, cacos de vidro e objetos queimados em meio a pedaços de fantasias, os quais evidenciavam estar guardados no interior do prédio.
O ex-prefeito de Rafard, Antônio Carlos Cerezer, foi uma das pessoas a se dar com a surpresa naquele dia. “Me senti profundamente triste e revoltado ao ver tudo derrubado e voltei para casa imediatamente”, desabafou em contato com O Semanário. O ginásio foi construído por ele e levava o nome de seu pai, Antônio Cerezer. Questionada sobre o assunto, a prefeitura comunicou que estava levantando as informações, porém não respondeu até o fechamento desta edição.
Segundo o vereador Marcelo Frederico (PTB), a Câmara Municipal “não teve conhecimento algum sobre esta ação”. “Só ficamos sabendo do ocorrido quando passamos pelo local no dia de um evento, no campo”, conta. Para ele, a decisão demonstrou falta de profissionalismo por parte da administração atual, a mesma que “passa por cima de tudo e de todos, inclusive do Legislativo”.
“Será que eles sabem o que é democracia? Pois estamos empenhados em fazer valer isso, sempre ao lado do bem maior, que é a comunidade. Já estamos fiscalizando o ocorrido e esperamos que tenha sido legal, caso contrário, providências serão tomadas”, frisa. “Em Rafard, uma administração destrói a outra, por politicagem barata, e quem paga por isso é a comunidade. Lamentável”, critica Frederico.
Após uma forte chuva de granizo que atingiu a cidade no dia 10 de março, a Defesa Civil do município interditou o ginásio de esportes, em razão do destelhamento causado pelo temporal. Na ocasião, o coordenador da Defesa Civil, Márcio Jacob Hessel, disse que não havia “nada de concreto em relação à demolição”.
Igualmente, o prefeito César Moreira (PMDB) garantiu que estava em busca da regularização da escritura do terreno do Cepar, para que fosse possível solicitar, mais à frente, verbas para a reforma. “Precisamos trabalhar para que sejam realizadas ações efetivas e de qualidade para o ginásio e para o Cepar de forma geral, e sabemos que isso leva tempo. Não podemos investir em medidas paliativas. Estamos trabalhando para transformar o Cepar, a médio e longo prazo, em um centro esportivo de referência regional”, afirmou há menos de dois meses.
Para o vereador Alexandre Juliani (SDD), presidente da Câmara, o ginásio deveria ter sido reformado e aproveitado pela população, uma vez que se tratava de um patrimônio público. Segundo ele, muito dinheiro deve ter sido gasto para construí-lo e mais ainda agora, para demoli-lo. “Na próxima sessão entrarei com alguns requerimentos sobre o ginásio”, destaca.
A perda, defende o aposentado Ricardo Tonin, 48, deve ser amparada pelos idealizadores do Ginásio de Esportes Antônio Cerezer. Ou seja, prefeito e vice que o construíram durante a gestão 2001-2004. “Os administradores da época devem pagar o prejuízo”, enfatiza. Por outro lado, não se sabe ainda por que o prédio foi demolido.
“Foi mais cômodo deixar o processo se arrastar e o prédio se deteriorar a ponto de ter que ser demolido. A pergunta que fica é: ‘quem é o maior responsável ou irresponsável por este fato? Aquele que fez sem seguir estritamente as normas de segurança ou aquele que, com pretensões não claramente expressas, permitiu que hoje víssemos este triste episódio? Na realidade, o verdadeiro culpado sou eu que não soube escolher o melhor quando deveria”, lamenta o advogado Luis Fernando Zape, 30.
A inspetora de alunos, Regina Reis, 54, presidente do PSDB Mulher, de Rafard, diz ter levado um susto ao ver tudo demolido. “Esperávamos que ainda houvesse solução, mas infelizmente estamos vendo desperdício de verbas públicas em nossa cidade”. Dinheiro este, lembra, “proveniente dos impostos que a população paga e que retorna ao município através de emendas parlamentares”. “O ginásio virou entulho sem ter sediado nenhum evento importante na cidade, fora sua inauguração.”
Nota da redação
Resta aguardar mais informações a respeito dos critérios utilizados pelo Governo Municipal para tal decisão, bem como o por que a medida não foi anunciada com antecedência à população, considerando que o prédio se tratava de um patrimônio público. A Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Rafard garantiu que se pronunciará até a próxima edição.